SÃO PAULO - Depois de uma semana de recuperação de Donald Trump, as pesquisas dos últimos três dias mostraram estabilização no quadro da disputa pela Casa Branca. Hillary Clinton mantém-se, na média das coletas nacionais, três pontos percentuais à frente do republicano.
A incerteza quanto ao resultado eleitoral desta terça (8) continua elevada, contudo. Em termos probabilísticos, parece difícil o republicano obter a série de vitórias nos Estados mais divididos —Flórida, Carolina do Norte, Nevada, New Hampshire—, necessária para conduzi-lo à Presidência.
Se o jogo fosse lançar uma moeda com uma face para cada candidato, Trump teria só 1 chance em 20 de vencer. O comportamento individual na hora do voto, porém, não é bem simulado nesse exercício.
Ondas de opinião costumam varrer o mapa nessas ocasiões, levando mais eleitores de um candidato às urnas, por exemplo. O índice de comparecimento, com voto facultativo e competição apertada, torna-se fator dos mais decisivos.
A economia, sempre um vetor a influenciar o voto, não se mostra tão favorável ao partido no poder. A recuperação, apesar de ter quase eliminado o desemprego, provou-se atribulada e desigual, com impacto apenas moderado na renda e no conforto material da maioria das famílias.
Por razões como essas, alguns modelos atribuem a Trump probabilidade significativa de êxito, algo como 1 chance em 3.
Dado o histórico das disputas presidenciais americanas nas últimas décadas, ninguém deveria se surpreender com margens estreitas de vitória. O ponto fora da curva neste ano não é o candidato republicano mostrar-se competitivo. O fato inusitado é um outsider, Trump, ter atropelado os barões do partido nas prévias.
O mal-estar difuso com a comunidade política estabelecida é um dos principais adversários da favorita Hillary. A democrata é a encarnação do establishment nesse duelo.