Folha de S. Paulo


Renúncia é o caminho para a democracia

Rafael Perez/Reuters
Then Cuban President Fidel Castro glances over his shoulder during the May Day commemoration at Revolution Square in Havana, in this May 1, 2004 file photo. Picture taken May 1, 2004. REUTERS/Rafael Perez/Files (CUBA - Tags: POLITICS ANNIVERSARY OBITUARY)
Símbolo da revolução de 1959, Fidel Castro morreu aos 90 anos, em Cuba

Impressionam a contradição, a dissimulação e a tergiversação — cara de pau no linguajar popular — dos políticos que, ontem, patrocinaram o golpe contra Dilma utilizando a bandeira da ética e o combate à corrupção como principal apelo popular.

Pois bem, a máscara cai antes do que se esperava, desnudando o lado mais sórdido do ser humano, a falta de escrúpulos, que, nesse caso, objetivava a mudança de projeto de nação e a aplicação de uma política antipopular que elimina direitos sociais dos mais humildes para favorecer o grande capital.

Fatos graves na política, como a corrupção, agora são relativizados por essas velhas raposas. Diante do crime praticado por Geddel Vieira Lima e, agora se sabe, pelo próprio Michel Temer — os líderes do DEM, PSDB, PMDB, PSD, PP, PTB etc., assinaram nota de apoio e reconhecimento ao "excelente trabalho" do então ministro, defendendo a sua permanência.

E, agora, diante do envolvimento direto de Temer, é o próprio FHC que sai em defesa do usurpador: "é frágil como uma pinguela, mas é o que se tem".

É assim que agem os protagonistas do golpe diante dos crimes confessos e já provados de concussão, tráfico de influência e advocacia administrativa. O que fica claro é que para eles o que importa não é, nem nunca foi, a ética, mas tão somente o poder, para que usem em seu benefício privado e dos setores econômicos que representam.

Outro exemplo foi o que fizeram no Senado. Para garantir a possibilidade de repatriar recursos não declarados mantidos no exterior por cônjuges e parentes de políticos, passaram por cima da vontade da maioria dos senadores e do acordo de plenário, alegando, cinicamente, questiúnculas regimentais.

Diante de tão grave quadro pugnamos pela renúncia já de Temer, com novas eleições para presidente. Precisamos nos reencontrar com a democracia e o Estado de direito, pois se é verdade que a presidenta Dilma Rousseff perdeu a governabilidade, é fato que esse "governo" nunca teve e jamais trilhará por esse caminho.

*

O mundo dos democratas, dos que sonham e lutam por uma sociedade mais justa para a humanidade, está de luto pela morte de Fidel Castro Ruz, um dos líderes mais importantes da América Latina e do planeta.

Desafiando a maior potência imperialista do planeta, os EUA, Fidel liderou uma das mais belas experiências de socialismo no mundo, baseada no engajamento popular, defesa da liberdade, justiça e igualdade social. Cuba é um exemplo de saúde e educação pública e de solidariedade internacional. Fato que nem seus opositores ousam negar.

Fidel se foi. Mas seu exemplo e seus ideais por um mundo livre das mazelas do capitalismo continuarão presentes.


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