A relação comercial do Brasil com o seu principal parceiro, a China, parece estar bem. As receitas brasileiras vindas do agronegócio atingiram US$ 19,8 bilhões de janeiro a setembro com o país asiático, 24% mais do que em igual período anterior.
Um olhar mais apurado para esse número mostra, contudo, que as coisas não andam tão bem. Ao contrário, o cenário é preocupante.
O Brasil avançou muito nas exportações de soja neste ano, mas perdeu espaço nas vendas de carnes, de açúcar, de cereais, de lácteos e de bebidas.
A evolução positiva das receitas neste ano vem praticamente da soja em grãos, cujo volume exportado subiu para 47,7 milhões de toneladas até setembro, 29% mais do que em igual período de 2016.
Nesse mesmo período, as receitas com a oleaginosa atingiram US$ 18 bilhões, 30% mais, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
A exportação de soja para a China ganha fôlego ano a ano, mas o país asiático vinha abrindo espaço também para outros importantes, como açúcar, carnes e milho.
As relações comerciais do Brasil com esses produtos, porém, começaram a esfriar. As receitas com as carnes, o segundo principal item do agronegócio exportado para a China, recuaram para US$ 1,28 bilhão neste ano, 3% menos do que no ano anterior. As quedas ocorreram com carnes de frango e suína, enquanto a bovina aumentou.
O açúcar, outro produto que ganhava espaço na lista de produto fornecidos para a China, teve queda de 76% nas receitas deste ano. Após atingir US$ 551 milhões de janeiro a setembro de 2016, elas recuaram para US$ 131 milhões neste ano.
A aposta brasileira na venda de milho também não está se confirmando. Após vender acima de 100 mil toneladas de janeiro a setembro nos anos de 2015 e de 2016, o volume recuou para menos de 10 mil neste.
A abertura da China para uma gama maior de produtos é importante para a balança comercial brasileira, que é dominada atualmente por exportações de soja e de minério de ferro.
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Plantio - Os produtores do Centro-Oeste voltaram a encontrar dificuldades para semear soja, devido ao clima seco, segundo Daniele Siqueira, da AgRural. Os que continuam o plantio, o fazem "no pó", expressão para definir o terreno seco. Se a chuva demorar, o plantio poderá ser perdido.
Abaixo - Em Mato Grosso, a semeadura de soja teve avanço na semana passada, mas ainda está em 6,27% no Estado, bem abaixo dos 16,5% de há um ano, conforme dados do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).
Recorde - A área a ser semeada com soja será de 9,4 milhões de hectares em Mato Grosso, um pouco acima do recorde do ano passado. A produção, porém, recua para 30,6 milhões de toneladas, 2,1% menos do que em 2016/17.
Arroz - O preço da saca do cereal caiu para R$ 36,42 no final de setembro, o menor valor, em termos reais, em dois anos. A média do mês ficou em R$ 37,33, com recuo de 5,8% em relação a agosto, segundo pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).