Folha de S. Paulo


Brasil vai na contramão global, e rebanho bovino bate recorde

Lalo de Almeida - 1º.ago.2015/Folhapress
ALTA FLORESTA , MT. 01-08-2015. O vaqueiro Carlos Levino da Costa lida com o gado na fazenda do pecuarista Milton dos Santos Souza proximo a Alta Floresta. ( Foto: Lalo de Almeida/Folhapress, ESPECIAL ) *** EXCLUSIVO FOLHA ***
Rebanho em propriedade rural em Alta Floresta (Mato Grosso)

O rebanho brasileiro de bovinos atingiu o recorde de 218 milhões de cabeças no ano passado. No início dos anos 1970, era inferior a 90 milhões de cabeças.

O Brasil vem na contramão do setor mundial, uma vez que os rebanhos dos Estados Unidos e da Argentina, dois importantes participantes mundiais nesse setor, diminuíram.

Só agora que esses dois países começam a ter um ligeiro aumento no número de animais no pasto.

Números divulgados nesta quinta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que a produção de gado avança cada vez mais para o Centro-Oeste.

Em 1974, a região Sul era responsável por 23% do rebanho nacional. Neste mesmo período, o Centro-Oeste detinha 25%. No ano passado, enquanto a participação do Sul recuou para apenas 13%, a do Centro-Oeste subiu para 34%.

A pecuária ganha importância e atualmente representa 6% do PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio que é gerado "dentro da porteira".

"Essa porcentagem parece baixa, mas é muito expressiva", diz Mariane Crespolini, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Os pecuaristas são diretamente responsáveis por uma parcela importante da economia do agronegócio e da economia total do país, segundo ela.

A produção primária, em que está inserida a pecuária, é base de movimentação para vários outros setores "fora da porteira", como insumos, indústria e serviços.

Para Crespolini, a agricultura representa 69% do PIB do agronegócio. Já as cadeias de produção de origem animal equivalem a 31% desse PIB. Na atual conjuntura de crise da economia brasileira, a produção primária se torna um grande multiplicador na economia.

SUÍNOS E AVES

O consumo interno crescente e a abertura de novos mercados externos fizeram a produção de carne suína aumentar. Segundo o IBGE, o país tinha 40 milhões de cabeças destes animais no ano passado.

Cresceu também a produção de aves, que atingiu 1,4 bilhão de unidades, e a de peixes, que somou 507 mil toneladas em 2016.

O número de vacas leiteiras, no entanto, caiu para 19,7 milhões, 7% menos do que em 2015. Essa queda deixa o país ainda mais dependente da importação de lácteos.

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Inflação dos agrícolas - Os produtos agropecuários pararam de cair no atacado neste mês, após recuo de 1,6% em agosto. Mesmo assim, a queda acumulada no ano é significativa: 14,9%.

Inflação dos agrícolas 2 - Entre as altas de preço deste mês estiveram carne bovina e milho. Já leite, açúcar e ovos caíram.

Participou ou não? - O governo diz que os auditores fiscais federais agropecuários participam das discussões sobre reformas na defesa agropecuária. O Anffa (sindicato da categoria) nega participação.

Quem perde - Esse acirramento de ânimos é prejudicial ao setor privado, que depende do governo e de fiscais federais para o andamento da fiscalização e consequente escoamento de mercadorias.


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