Folha de S. Paulo


Agronegócio brasileiro sofre com crise na Venezuela

Eduardo Anizelli - 22.mar.2017/Folhapress
CUMARU DO NORTE, PA, BRASIL, 22-03-2017, 12h30: Gados na fazenda Nossa Senhora do Carmo, em Cumaru do Norte, no interior do estado do Para. O gado que e vendido para a JBS esta em area de desmate ilegal. A fazenda foi embargada 28-10-2008 pelo Ibama. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, MERCADO) ***EXCLUSIVO FOLHA***
Gado em fazenda no Pará; venda de animais vivos para a Venezuela desabou

As relações comerciais entre Brasil e Venezuela estão virando pó. Tradicionais exportadores de produtos agropecuários para os venezuelanos, os brasileiros conseguiram receitas de apenas US$ 176 milhões com as exportações de janeiro a agosto deste ano para o país vizinho.

Há três anos, o valor das exportações era de US$ 2,9 bilhões nesse mesmo período, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Responsáveis por 4% das receitas das exportações brasileiras do setor de agronegócio em 2014, os venezuelanos agora representam apenas 0,4%.

As estimativas econômicas indicam que as coisas vão piorar ainda mais para a Venezuela. Com isso, o setor de agronegócio brasileiro perde um mercado até então bastante rentável.

O país vizinho não tem mais fôlego para importações até de alimentos devido à grave crise econômica.

A atividade econômica deverá recuar 7% neste ano, com a inflação podendo superar 700%. O problema é que o país registra recuo do PIB há quatro anos, e a tendência é de continuidade da queda no próximo.

Sem renda e sem emprego, os venezuelanos devem conviver com uma inflação ainda maior no próximo ano.

Essa grave situação econômica prejudica o agronegócio brasileiro. Um dos setores mais afetados é o da exportação de gado em pé.

Em 2014, as receitas do Brasil com as exportações de animais vivos para a Venezuela somaram US$ 568 milhões. Neste ano, está em apenas US$ 2,9 milhões.

As carnes ainda são os principais produtos comprados pelos venezuelanas no país, mas em um patamar bem inferior ao dos anos recentes.

Neste ano, os gastos da Venezuela com compra de carnes caíram para US$ 53 milhões até agosto, bem abaixo do US$ 1,4 bilhão de igual período de 2014.

Sem reservas, a Venezuela também reduziu drasticamente as compras de açúcar, de leite e de cereais do Brasil.

O volume importado de cereais pela Venezuela caiu para apenas 42 mil toneladas neste ano, bem abaixo das 282 mil de três anos atrás.

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Suinocultura cresce em todas as regiões do país

Incentivada por demanda interna e aceleração nas exportações, a suinocultura mantém crescimento neste ano.

O Valor Bruto de Produção do setor terá evolução de 7% no período, enquanto o de bovinos e o de frango terão recuos de 8% e 12%, respectivamente, conforme dados da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura
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De acordo com José Garcia Gasques, coordenador-geral de Estudos e Análises da SPA, o VBP da suinocultura crescerá em todas as regiões do país.

A região Sul, cujo valor básico de produção deverá atingir R$ 9 bilhões, lidera o setor. A Sudeste, no entanto, é a que terá a maior evolução no valor de produção: mais 17% no ano.

O VBP total dos 25 produtos acompanhados pela SPA vão somar R$ 535,4 bilhões, 4% mais do que em 2016.

O melhor desempenho fica com as lavouras, cujo VBP sobe para R$ 367,2 bilhões, enquanto o da pecuária cai para R$ 168,3 bilhões.


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