Folha de S. Paulo


Colheita acaba, e café deve ter qualidade pior

Edson Silva - 6.mai.13/Folhapress
ALTINOPOLIS, SP, BRASIL, 06-05-2013: Plantacao de cafe na regiao de Altinopolis-SP interior de Sao Paulo. Cooperativas cafeeiras existentes na regiao de Ribeirao Preto preveem uma safra maior neste ano que a esperada inicialmente. Cooperativas cafeeiras existentes na regiao de Ribeirão Preto preveem uma safra maior neste ano que a esperada inicialmente. ( Foto: Edson Silva/Folhapress) ***REGIONAIS/MERCADO***EXCLUSIVO***
Plantação de café no interior de SP; safra deve ter menor volume

A colheita de café terminou, mas ainda é cedo para uma definição do volume final. Algumas constatações, no entanto, são possíveis, segundo Gil Barabach, analista da Safras & Mercado.

A oferta de café deste ano será menor do que a de 2016, e o produto, mais miúdo.

Isso torna a safra problemática, principalmente no que se refere à qualidade do café, afirma o analista.

O tamanho e a qualidade do grão, que foram afetados pela geada no primeiro semestre deste ano, interferem na bebida e vão determinar ágios e deságios na hora da comercialização.

Barabach afirma que o volume final da safra só será conhecido quando o café for beneficiado, o que ainda pode demorar. Estima-se, entretanto, que possa ser inferior aos 51,1 milhões de sacas projetados ainda antes do início da safra deste ano.

Ao contrário do que ocorreu no ano passado, o café arábica parece ser o mais prejudicado, principalmente quando se avalia o produto das regiões do sul de Minas Gerais e de parte do Estado de São Paulo.

A expectativa inicial de uma colheita de 39,6 milhões de sacas de arábica no país, feita pela Safras & Mercados, poderá não se confirmar, segundo Barabach.

Já a colheita de conilon, produzido no Espírito Santo, poderá superar os 11,5 milhões de sacas previstos inicialmente. Apesar desse aumento, a indústria vai ter de continuar comprando o arábica mais fraco para compensar a oferta de conilon.

SAFRA MUNDIAL

A produção mundial de café foi de 154 milhões de sacas em 2015/16, com alta de 1,5% em relação à anterior, segundo a OIC (Organização Internacional do Café). A produção de arábica sobe 10% e a de conilon recua 11%.

As exportações brasileiras de café somaram 2,37 milhões de sacas no mês passado, 27% mais do que as de julho, mas 22% inferiores às de igual período de 2016.

Enquanto as exportações de café verde caíram 21%, as de industrializados recuaram 27%, segundo dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Segundo a instituição, 18% das receitas obtidas com as exportações do produto já são de café diferenciado —qualidade e preço melhores.

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Efeito furacão - Ainda é cedo para avaliar o estrago provocado pelo furacão Irma nos laranjais da Flórida. Algumas estimativas indicam que 20% dos pomares da região tenham sido prejudicados.

Estoques - Problemas na produção de laranja na Flórida vão complicar a oferta mundial de suco. O Brasil, principal produtor, terminou a safra 2016/17 com estoques de 107 mil toneladas, 69% menos do que na anterior.

Arroz -Produtores do Rio Grande do Sul se preparam para o plantio da safra 2017/18, mas a área a ser destinada ao cereal ainda é bastante incerta.

Custos - A pressão do custo de produção deve dar pouca liquidez ao produto. A situação fica ainda mais complicada para os produtores que têm terra arrendada, segundo a Brandalizze Consulting.

De olho na safra - O mercado está atento aos números da oferta e demanda de grãos a serem divulgados nesta terça (12) pelo Departamento de Agricultura dos EUA (Usda).

Abaixo - Cálculos médios do mercado indicam leve recuo na produção de soja e de milho. A de soja recuaria para 117,6 milhões de toneladas; a de milho, para 355,6 milhões, valores abaixo dos estimados em agosto.

Acima - Alguns analistas acreditam, no entanto, que o volume da safra de soja a ser divulgado supere os 120 milhões de toneladas. Na avaliação anterior, o Usda havia projetado 119,2 milhões.

Carne bovina - As exportações de agosto foram as melhores, em termos mensais, dos últimos quatro anos. Dados da Abiec (associação do setor) indicam vendas externas de 146 mil toneladas de carne bovina em agosto, com receitas de US$ 608 milhões.


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