O plantio de trigo na Argentina vai ser menor do que o previsto anteriormente. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu, nesta quinta-feira (17), a estimativa de área em 1%, em relação ao que previa antes.
O novo número indica 5,35 milhões de hectares nesta safra, uma área ainda superior, contudo, à de 5,1 milhões de 2016.
A redução ocorre devido ao excesso de umidade no solo em algumas das regiões produtoras do país, o que dificulta o plantio.
A área final de trigo não deverá ter muita mudança em relação ao estimado pela Bolsa, uma vez que os triticultores argentinos já semearam 99,5% do espaço que será destinado ao cereal.
A Bolsa ainda não fez estimativa de produção. Se, todavia, a produtividade desta safra for inferior ao bom patamar obtido na anterior, de 3.390 quilos por hectare, o volume de produção ficará abaixo dos 18,4 milhões de toneladas previstos pelo governo.
A produção argentina é importante para suprir o deficit brasileiro de trigo, principalmente neste ano, quando o clima não favorece as lavouras brasileiras.
Um volume elevado de produção na Argentina, porém, interfere nos preços no Brasil, desfavorecendo os triticultores nacionais.
A Conab (Companhia Brasileira de Abastecimento), que neste mês revisou para baixo os dados da produção brasileira, prevê importações de 7 milhões de toneladas do cereal neste ano.
Na avaliação do órgão do governo, a produção poderá recuar para 5,2 milhões de toneladas, após ter atingido 6,7 milhões em 2016. O consumo nacional deve ser de 11,5 milhões de toneladas.
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Seguro - O Ministério da Agricultura liberou R$ 10 milhões para o PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural) para subvencionar o seguro da cultura de trigo.
Trigo gaúcho - O desenvolvimento das lavouras tem lenta recuperação no Rio Grande do Sul devido à baixa umidade do solo. Segundo a Emater/RS-Ascar, o desenvolvimento atual das lavouras está abaixo da média de anos anteriores.
Câmara - A Comissão de Agricultura da Câmara Federal discutiu, nesta quinta-feira (17), uma política nacional para o trigo. Segundo Robson Mafioletti, superintendente da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), as importações do cereal custaram US$ 18,4 bilhões ao país nos últimos dez anos.
Custos - Ana Paula de Jesus Kowalski, da Faep (Federação da Agricultura do Paraná), afirma que há um descasamento entre os custos de produção e o preço mínimo do governo.
Vendas - Os produtores gastam de R$ 40 a R$ 50 por saca para a produção, um valor superior aos R$ 37 do preço de garantia do governo. A saca do cereal está sendo comercializada por preços que vão de R$ 32 a R$ 35, segundo ela.
Autossuficiência - As dificuldades na produção e na comercialização de trigo no Brasil estiveram entre os temas abordados na reunião. A autossuficiência estará no centro dos próximos debates da comissão, segundo Sergio Souza (PMDB-PR).