Folha de S. Paulo


Embrapa desenvolve defensivo 'verde' contra verme das raízes

Mauro Zafalon - 3.jun.2011/Folhapress
LUÍS EDUARDO MAGALHÃES, BA, BRASIL, 03-06-2011: Safra de algodão no oeste da Bahia, região que ganha cada vez mais importância no cenário agrícola do país, em Luís Eduardo Magalhães (BA). A cidade de Luís Eduardo Magalhães (LEM), um dos municípios de maior destaque, é chamada de capital do agronegócio da região. (Foto: Mauro Zafalon/Folhapress) ***PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTOS COM HONORÁRIOS E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS***
Plantação de algodão, cultura afetada pelos nematoides, praga que causa prejuízo de R$ 35 bilhões

A Embrapa desenvolveu um defensivo agrícola natural capaz de combater nematoides, uma das pragas que mais trazem prejuízo para o agricultor no mundo todo.

A empresa agora busca parceiros para fazer essa tecnologia chegar ao produtor.

O defensivo provém de um extrato obtido de resíduos da cadeia produtiva de biocombustíveis, uma matéria-prima barata e com muita oferta. De quebra, poderá agregar valor a esses resíduos.

Esse é um dos objetivos da produção do defensivo, segundo Vera Polez, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Essa tecnologia dá também uma nova utilidade às oleaginosas cujos resíduos não têm aplicação na alimentação animal.

QUÍMICA VERDE

O novo defensivo vai na linha da "química verde", segundo o pesquisador Clenilson Rodrigues. Para ele, as pesquisas precisam chegar a substâncias que deem respostas biológicas.

A aplicação de um nematicida natural afeta menos o equilíbrio ambiental do que a aplicação dos provindos da petroquímica, segundo ele.

Thales Lima Rocha, também pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, lembra que, antes de chegar ao composto, "há um bioensaio".

Essas pesquisas, que geralmente duram longo tempo, visam a verificar a resistência do produto às temperaturas, a sua toxicidade para o animal que usará a proteína e a sua eficiência na manutenção do equilíbrio ambiental.

As pesquisas se estendem para a análise da fitotoxicidade, ou seja, a avaliação dos riscos que o produto pode oferecer à própria planta.

Polez ainda destaca que são várias as formas de aplicação do produto no campo. Entre elas, a nanotecnologia, que permite a sua liberação ao longo do tempo, o que resulta na redução no número de aplicações do defensivo.

A Embrapa é uma vitrine de soluções tecnológicas em desenvolvimento, segundo Alexandre Alonso Alves, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia. Com uma linha de criação de tecnologias, de codesenvolvimento e de negócios, a empresa atua conforme a demanda: responde ao problema e repassa a solução ao mercado.

A Embrapa não só faz parcerias com empresas que têm necessidades específicas como também atua no codesenvolvimento de tecnologias com aquelas que têm demandas de grande escala. Além disso, repassa licenças para uso de tecnologias.

PREJUÍZO

Os nematoides, espécies de vermes que atacam as plantas, principalmente as raízes, geram perdas de R$ 35 bilhões por ano ao agricultor.

Eles afetam vários tipos de planta, entre os quais a soja e o algodão, e podem ser combatidos de muitas maneiras, que vão desde a rotação de culturas até a aplicação de distintas tecnologias.

O extrato natural da Embrapa combate sobretudo os nematoides do gênero Meloidogyne.

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Leite - A longa crise da produção láctea global pode ter chegado ao fim, de acordo com pesquisadores da Embrapa. O preço do litro de leite pago ao produtor no mercado internacional, que chegou a US$ 0,22, alcançou o valor histórico de US$ 0,38 em junho.

Peso menor - A importação brasileira de lácteos recuou para US$ 2,42 milhões por dia útil neste mês, um valor 18% inferior ao de agosto de 2016, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (14) pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Milho - As exportações ocorridas na segunda semana deste mês perderam ritmo, em relação às da primeira. Com isso, a estimativa de venda externa para o mês recuou para 4,5 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume supera em 76% o de igual período de 2016.

Carnes - As vendas externas de carnes (frango, bovina e suína) se recuperaram neste mês. A média diária apurada pela Secex indica uma evolução de 7% em relação às de julho. Em comparação a igual mês do ano passado, o aumento foi de 25%.


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