Folha de S. Paulo


Mesmo com operações no mercado de carnes, setor manteve status sanitário

Mauro Zafalon/Folhapress
Granja de suínos em Carambeí, PR Mauro Zafalon/Folhapress
Suínos no Paraná; exportações caem em volume e sobem em receita no 1º trimestre

O primeiro semestre deste ano foi difícil para o setor de proteínas. Após tantos eventos desfavoráveis, entre eles a Operação Carne Fraca da Polícia Federal, o setor termina o semestre com redução no volume exportado.

As vendas externas de carnes de aves recuaram 6,4% no período. As de carne suína, 2,8%. Neste segundo semestre, o setor acredita em evolução tanto na produção como nas exportações desses tipos de carnes.

Um dos pontos positivos do semestre, no entanto, foi que o país vendeu menos, mas recebeu mais.

As exportações de carne de frango, apesar da queda no volume, renderam 5,9% mais neste primeiro semestre do que em igual período do ano passado.

O cenário para a carne suína foi ainda melhor, uma vez que as exportações do semestre somaram 29% mais do que as de janeiro a junho do ano passado, conforme dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

A imagem do país ficou muito arranhada no mercado externo logo após a operação da Polícia Federal, em março.

O processo de fiscalização sanitária foi colocado em xeque por grande parte dos importadores, mas, aos poucos, eles voltaram a acreditar na qualidade do produto.

Francisco Turra, presidente da ABPA, admite que o primeiro semestre foi um período difícil, mas o Brasil fez um exercício muito importante, mostrando a sanidade da carne.

"Apesar de tudo o que ocorreu no semestre, o país conservou o status sanitário. E isso é muito importante", afirmou.

Oito países, embora com pouca participação no volume total de carnes exportado pelo Brasil, ainda continuam com as porteiras fechadas ao produto brasileiro.

Turra diz que "ninguém ocupou nosso espaço externo", se referindo ao volume menor comercializado no semestre. Ele atribui parte dessa queda a mudanças internas em alguns países importadores. Ele cita o exemplo da China.

O governo quer eliminar a produção caseira de aves, o que favoreceu momentaneamente a oferta de produto. No futuro, no entanto, isso vai gerar uma demanda maior de produto brasileiro.

*



Produção de grãos do Nordeste sobe 91% neste ano



A safra brasileira de grãos de 2016/17 atinge 240 milhões de toneladas neste ano, 30% mais do que no anterior. Um dos destaques foi o Nordeste, cuja produção crescerá 91%.

Clima favorável fez a região passar de um volume de 9,5 milhões de toneladas no ano passado para 18,2 milhões neste ano, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O Centro-Oeste, principal polo produtor de grãos do país, colocará 105 milhões de toneladas nos armazéns, 39% mais do que em 2016.

As regiões Sul e Sudeste têm crescimentos de 17%, os menores percentuais do país, segundo os dados do IBGE.

Os principais destaques na produção continuam sendo soja, milho e arroz. Juntos representam 94% da produção total de grãos do país.

O Brasil obtém uma supersafra neste ano devido ao bom comportamento da soja e do milho. A safra da oleaginosa deverá atingir 115 milhões de toneladas, enquanto a de milho vai a 98 milhões.


*

Mudanças - A FPA (Frente Parlamentar Agropecuária) encaminhou carta ao ministro Blairo Maggi recomendando mudanças no sistema de inspeção sanitária, visando melhoria na eficiência do processo. A proposta quer auditoria interna do Ministério da Agricultura sobre a conduta de alguns profissionais e evitar excesso de intermediários no processo, o que gera ineficiência, segundo a FPA.


Fiscalização - Fiscais federais agropecuários têm encontro com representantes do Ministério da Agricultura nesta quarta-feira (12) para discutir vários assuntos relacionados à categoria.

Contratações - Entre eles está a contratação de médicos-veterinários temporários e a proibição das escalas de plantões nas unidades Vigiagro. Na avaliação deles, "existe uma tentativa de destruir os marcos legais da carreira".

Sem sistemas - Entre as ações, se as conversas não avançarem no ministério, está a colocação em prática da "operação dia sem sistemas". Serão 24 horas sem sistemas nas segundas-feiras. A cada segunda, o período será acrescido de mais vinte quatro horas, dependendo da avaliação do comando de mobilização desses profissionais.


Endereço da página: