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Expectativa de clima adverso nos EUA faz soja disparar

Paulo Muzzolon/Folhapress
Colheita de soja em fazenda a cerca de 215 km do município de Paranatinga (MT)
Colheita de soja em fazenda a cerca de 215 km do município de Paranatinga (MT)

A soja ganhou US$ 2,93 por saca nos últimos dez pregões em Chicago. No dia 23 de junho, o contrato de novembro, o mais líquido devido à safra dos americanos, registrou o preço mínimo do ano: US$ 9,11 por bushel (27,2 quilos).

Nesta segunda-feira (10), o mesmo contrato atingiu US$ 10,4375 no momento das negociações mais aquecidas do dia. No final do pregão, esteve em US$ 10,3925.

O preço da soja sobe desde a segunda quinzena de junho. Do valor mínimo de 23 de junho, ao máximo desta segunda, a alta foi de 15%.

A alta se deve a uma especulação climática. "Nada grave, mas o mercado vive dessas notícias", diz Daniele Siqueira, analista da AgRural.

O problema existe, mas em regiões menos importantes do país, como os Estados de Dakota do Sul e Dakota do Norte, segundo ela.

As notícias sobre o clima adverso às lavouras em algumas regiões do país foram o suficiente para os fundos de investimentos dispararem o gatilho na compra de soja.

Até então, eles estavam se desfazendo de suas posições de negócios no mercado futuro. Os dados da participação dos fundos no mercado de soja na semana passada ainda não estão disponíveis, mas eles devem ter aumentado as compras.

Na última semana de junho, eles colocaram 6,6 milhões de toneladas de soja em suas carteiras de negócios.

A analista da AgRural diz que ainda é prematura uma avaliação da safra com base nessas informações climáticas.

"A safra de 2017 não vai ser boa como a de 2016, mas ainda poderá ser uma boa safra", diz. Ela recomenda que o produtor brasileiro fique atento a essas variações de preços. "Assim como subiu rapidamente, pode também cair no mesmo ritmo", diz.

O período mais crítico para as lavouras de soja será o próximo mês, quando ocorre a formação das vagens. Uma seca nesse período pode afetar a produtividade.

Em julho, as lavouras estão na fase vegetativa. Se chover, ainda é possível uma recuperação das plantas.

Os dados desta segunda-feira do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicam que 62% das lavouras de soja estão em condições "boa e excelente". Esse percentual é bem inferior aos 71% de há um ano.

A queda de qualidade é explicada pela situação ruim dos Estados de Dakota do Sul e do Norte, onde os percentuais são de 34% e 47%, respectivamente.

A evolução de alta dos preços em Chicago foi um alívio para os produtores brasileiros. Do dia 23 de junho a esta segunda-feira, a saca de soja teve aumento de R$ 5,80.

Subiu de R$ 62,50 para R$ 67 em Cascavel (PR) e de R$ 52,50 para R$ 58 em Sorriso (MT), segundo a AgRural.

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Carnes - Apesar de todos os entraves vividos pelo setor de proteínas nas últimas semanas, o Brasil começa julho com aumento nas exportações de carne.

Carnes 2 - Dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicam que as exportações da primeira semana deste mês somaram US$ 68,5 milhões por dia útil, 11% mais do que em junho. Em relação a julho de 2016, a alta foi de 25%.

Suínos - As exportações de carne suína são as que mais crescem neste início de mês, obtendo evolução de 18% em relação às de junho. As vendas externas das carmes de frango e bovina aumentaram 15% e 5%, respectivamente.

Suco de laranja - As exportações acumuladas na safra 2016/17 recuaram para 895 mil toneladas, 17% menos do que na anterior. Esse recuo se deve à safra menor de laranjas, segundo a CitruBr, entidade que engloba as empresas exportadoras.

Algodão - O contrato de outubro fechou a 67,72 centavos de dólar nesta segunda (10) em NY, com recuo de 3%.


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