Folha de S. Paulo


Produtor de milho torce por retomada do mercado de carne

Mauro Zafalon - 5.out.15/Folhapress
Agrofolha 05.10.2015 - Colheita de milho em Brasnorte (MT); produtor quer elevar produção de etanol de milho. (Foto: Mauro Zafalon/Folhapress)
Colheita de milho em Brasnorte (MT)

Se no ano passado a indústria de proteínas fez cerco constante aos produtores de milho, neste a situação tende a se inverter.

Na safra anterior, a indústria nacional de carne chegou a reverter contratos de exportação do cereal a fim de ter milho suficiente para a produção de suínos e de frango.

Neste ano, mesmo prevendo melhor abastecimento, a indústria ainda não vive bons momentos.

"Após levar duas pauladas —a Operação Carne Fraca e a delação premiada de Joesley Batista, da JBS—, a carne brasileira precisa readquirir a confiança do consumidor externo", diz Daniel Latorraca, superintendente
do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).

A situação do setor é agravada ainda mais pela recessão econômica interna, que retira de boa parte dos consumidores a capacidade de compra, segundo ele.

Há, porém, uma saída tanto para a indústria como para os produtores: a valorização do dólar. A alta da moeda americana dá maior competitividade para a carne brasileira no exterior, o que confere maior fôlego à produção. Esta, por sua vez, aquece o consumo de milho.

CONSUMO

A alta do dólar também favorece a exportação de milho, embora esta não atinja um terço do que o país produz.

A salvação vem mesmo do consumo interno, para onde os produtores estão olhando. A exportação de milho é importante, mas o cereal depende menos do exterior do que a soja, segundo Latorraca.

A colheita de milho está apenas começando em Mato Grosso, o principal Estado produtor no país. Atingiu 3% da área semeada.

O superintendente do Imea afirma que, nas próximas semanas, o ritmo vai aumentar, e o setor terá uma definição melhor do cenário de vendas e de preços.

Por ora, o preço médio praticado no Estado está em R$ 14 por saca, 12% abaixo do preço mínimo.

O governo vem fazendo leilões para escoar parte desse produto, mas o volume adquirido pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) é pequeno em relação ao produzido. "Ajuda, mas não resolve", diz ele.

Assim como ocorreu com a soja, a produção de milho deste ano será recorde. A Safras & Mercado estima o volume de milho em 106 milhões de toneladas.

Em Mato Grosso, a produção será de 28 milhões de toneladas, 47% mais do que a da safra anterior —que teve quebra—, aponta o Imea.

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Soja - A maior preocupação do produtor neste momento é com a comercialização da soja, segundo analistas da Consultoria Céleres. O restante de 2017 deverá ser um período ainda mais baixista e desafiador para o sojicultor brasileiro.

Safra- A produção nacional de soja deverá atingir 114 milhões de toneladas neste ano, conforme dados da consultoria divulgados nesta segunda-feira (5). No ano passado, a safra rendeu 97 milhões.

Recorde - produção nacional de milho está estimada em 101 milhões de toneladas. Esse volume recorde ocorre depois da forte quebra de safra de 2015/16.

Números - A Céleres prevê que a safra de inverno de milho suba para 70 milhões de toneladas neste ano, 98% mais do que em igual período anterior.

Verão - A produção do cereal na primeira safra -a de verão- também teve forte crescimento, atingindo 45,4 milhões de toneladas no país, ante 28,9 milhões na safra 2015/16.
Ainda maior A Safras & Mercado prevê uma produção de milho ainda maior do que a da Céleres. A safra deste ano deverá atingir o volume recorde de 106,4 milhões de toneladas, 50,4% mais do que em 2016/17.

Leite - O período de entressafra do leite provocou alta de 1,2% no preço de maio, em relação a abril. Pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) apurou um valor de R$ 1,27 por litro nos sete Estados que faz pesquisa.


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