Folha de S. Paulo


Operação da PF poderá levar a abate de matrizes e a alta de preço da carne

Pedro Ladeira - 21.mar.17/Folhapress
LAPA, PR, BRASIL, 21-03-2017, 12h00: O ministro da Agricultura Blairo Maggi realiza visita técnica e vistoria na planta do frigorífico SIF 530, da Seara, do grupo JBS. Esta é uma das plantas investigadas na operação Carne Fraca da Polícia Federal, e está com a licença de exportação suspensa. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em visita a frigorífico no Paraná

Os dados apresentados pela Operação Carne Fraca, e apurados nos últimos dois anos, estão afetando fortemente o mercado da carne bovina hoje, mas os efeitos poderão ser ainda mais sérios daqui a três anos.

Diferentemente do mercado de frango e de suínos, o ciclo da produção do boi é longo. Enquanto o resultado de uma decisão dos produtores de frango de aumentar ou diminuir a produção tem efeito em dois meses, e a dos suinocultores, em seis, a dos pecuaristas demora pelo menos dois anos.

Com isso, se as barreiras externas colocadas ao produto brasileiro aumentarem e perdurarem por vários meses, o mercado externo de carne encolherá em um momento que o país passa por uma queda de renda dos consumidores e redução de consumo interno.

Essa situação vai refletir nos preços do boi, levando parte dos pecuaristas a diminuir o rebanho. Essa redução começa pela venda de vacas, que, com valores menores, deprecia ainda mais os preços médios do setor.

O abate de matrizes reduz a produção futura de bezerros e, consequentemente, a de boi gordo.

Se isso correr, a oferta de carne diminui, os preços voltam a subir e incentivam o pecuarista a investir novamente.

A oferta de boi só volta a se regularizar, no entanto, após o período de gestação do bezerro e de pelo menos mais dois anos para o abate do animal.

Nesse período de oferta interna menor de carne e de alta dos preços, os frigoríficos brasileiros perdem competitividade externa, devido ao custo da matéria-prima.

José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP, e especialista no setor de carnes, diz que a oferta de carne bovina sempre reflete a decisão de produção tomada pelos pecuaristas há pelo menos dois anos. "É o ciclo pecuário", diz.

Se a crise atual persistir, e o pecuarista reduzir a produção atual, o retorno à normalidade só virá com novos investimentos.

Estes vão desde o aumento de matrizes no pasto ao de aumentar a capacidade das estruturas de manutenção de bezerros e de bois, segundo Ferraz.

O especialista da Informa Economics alerta, no entanto, para o fato de que esse cenário de queda de produção de bois só virá se acontecer o pior.

"Depende de quanto a crise durar e da perda de rentabilidade do pecuarista", diz.

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PMDB volta à comissão agrícola da Câmara Federal

O agronegócio é um setor que se fortalece e cada vez mais adquire visibilidade. Com isso, torna-se alvo de interesse dos partidos.

Após muitos anos longe da da comissão agropecuária da Câmara Federal, o PMDB volta a liderar esse colegiado a partir desta quinta-feira (23).

A presidência da comissão estará no comando do deputado federal paranaense Sérgio Souza.

Até então, as comissões que mais atraíam os partidos e deputados eram as de Justiça, de Finanças, e de Indústria e Comércio.


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