Folha de S. Paulo


Produtor quer tecnologia para reduzir dependência de grandes empresas

Eduardo Knapp - 21.abr.11/Folhapress
Plantação de milho em Campo Novo do Parecis (MT)
Plantação de milho em Campo Novo do Parecis (MT); clima pode afetar plantio da

Os produtores estão buscando diminuir a dependência das grandes empresas. Os custos de produção sobem, e as margens ficam cada vez mais apertadas.

Após batalhas nos setores de logística, sustentabilidade e política agrícola, a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso) quer se voltar também para outra demanda do setor: a pesquisa.

Endrigo Dalcin, presidente da entidade, diz que essa é uma demanda dos próprios produtores e que o avanço de tecnologia feito pelas grandes empresas sempre tem um cunho comercial. Ocorrem mais nas áreas de inseticidas, herbicidas e novas variedades de cultivares.

O que o setor precisa, segundo ele, é ganhar produtividade também com outras formas, como manejo integrado da produção e redução da dependência dos agroquímicos.

Para isso, Dalcin diz que é preciso buscar soluções junto com empresas de pesquisa como Fundação MT e Embrapa.

A associação dos produtores se uniu à Fundação MT para pesquisas que vão desde o consórcio de técnicas de produção, ao teste de resultados de produtos comercializados por empresas.

Os resultados dessas pesquisas ficarão à disposição dos produtores, que poderão adotá-las dependendo das regiões que estão.

Dalcin afirma que é preciso mostrar aos produtores que existem tecnologias que podem auxiliar no combate a pragas e doenças, como lagartas e nematoides.

"Mas é preciso colocar essas tecnologias desenvolvidas para eles."

Essa busca passa pelas vias econômicas e ambientais.

"E o produtor está ciente de que isso exige trabalho e investimentos", afirma.

A Aprosoja e a Fundação MT apresentam hoje (17) a produtores de Mato Grosso resultados obtidos em um campo experimental de 88 hectares que as duas empresas desenvolvem em Campo Novo do Parecis, no oeste do Estado.

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Exportações de soja do Brasil podem chegar a 89 milhões de t em dez anos

O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) prevê que o Brasil terá um crescimento de 52% nas exportações de soja em dez anos. Elas passariam dos atuais 58,4 milhões para 88,9 milhões.

Se esses números forem confirmados, o Brasil ficaria isolado na posição de líder mundial em exportações de soja, segundo Daniele Siqueira, da AgRural.

Os Estados Unidos parariam nos 58,5 milhões de toneladas, com crescimento de apenas 5% em dez anos.

Já a Argentina teria crescimento de 30%, mas com apenas 12,1 milhões de toneladas.

Para o milho, a expectativa é de um crescimento de 49% nas exportações. O país iria, portanto, para 37,9 milhões de toneladas em 2026/27, se confirmando como o segundo maior exportador mundial.

Os números fazem parte de estimativas futuras que o Usda faz sobre o mercado mundial agropecuário. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (16), indicam que os norte-americanos vão semear 36,4 milhões de hectares de milho em 2017/18, um volume 1,8 milhão inferior ao da safra anterior.

Já o plantio da soja vai ocupar 34,6 milhões de hectares na próxima safra, 730 mil a mais do que a área de 2016/17.

O jornalista viaja a Campo Novo do Parecis (MT) a convite da Aprosoja


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