Folha de S. Paulo


Agronegócio perde receita, embora mantenha peso no comércio exterior

Mauro Zafalon/Folhapress
Agrofolha 05.10.2015 - Colheita de milho em Brasnorte (MT); produtor quer elevar produção de etanol de milho. (Foto: Mauro Zafalon/Folhapress)
Colheita de milho em MT; receitas com a exportação do cereal caíram de US$ 4,9 bi em 2015 para US$ 3,7 bi em 2016

O agronegócio perdeu fôlego no ano passado, e oito dos dez principais produtos de exportação do setor tiveram receitas menores do que em 2015.

Mas, como houve uma queda geral nas receitas totais com as exportações do país em 2016, a participação dos agrícolas -mesmo com essa redução- se manteve praticamente estável na balança comercial.

No ano passado, esses dez produtos somaram US$ 66,3 bilhões, 36% dos US$ 185,2 bilhões exportados pelo Brasil no período.

Produção abaixo do previsto para alguns produtos e queda média de preços no mercado internacional para outros provocaram essa redução das receitas brasileiras.

Entre os produtos que tiveram melhores receitas estiveram açúcar e suco de laranja. Já o conglomerado soja, as carnes, café, algodão e milho estiveram entre os que perderam receitas.

Um dos destaques foi o milho. O volume exportado em 2016 foi de 21,9 milhões de toneladas, abaixo do recorde de 28,9 milhões de 2015.

A falta interna do cereal em alguns períodos do ano fez a indústria nacional disputar o produto que seria exportado.

As receitas externas com o cereal recuaram de US$ 4,9 bilhões, em 2015, para US$ 3,7 bilhões em 2016.

AÇÚCAR

Essa queda nas receitas dos agrícolas poderia ser maior, não fosse o bom desempenho do açúcar. O deficit mundial entre oferta e demanda desse produto elevou os preços externos, e o Brasil se aproveitou dessa situação.

As receitas com o açúcar bruto e refinado somaram US$ 10,5 bilhões no ano passado, 18% mais do que em igual período anterior, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

O grande destaque da balança comercial brasileira continua sendo a soja. O chamado complexo soja -grãos, farelo e óleo- rendeu US$ 25,3 bilhões ao país em 2016.

O produto se mantém na liderança, mas teve recuo de 9% nas receitas ante 2015.

A produção brasileira de soja acabou ficando abaixo do previsto e, por isso, o volume exportado de grãos recuou para 51,6 milhões de toneladas, abaixo dos 54,3 milhões de 2015.

Outro item importante da pauta de exportação brasileira são as carnes. O volume comercializado no mercado externo, considerando apenas as carnes "in natura", se aproximou de 6 milhões de toneladas, mas as receitas recuaram para US$ 11,6 bilhões, 4% menos do que em 2015.

A carne suína, no entanto, teve um comportamento diferente das de frango e de bovinos. Houve aumento tanto do volume exportado como das receitas obtidas.

As exportações de carne suína "in natura" atingiram 628 mil toneladas, com receitas de US$ 1,35 bilhão, de acordo com a Secex.

Além do açúcar, o suco de laranja também gerou mais receitas em 2016. Indicações de estoques mundiais baixos e de dificuldades das indústrias em aumentar a oferta de suco elevaram os preços.

As exportações brasileiras do ano passado de suco não congelado renderam US$ 1,1 bilhão, 9,5% mais do que as do ano anterior.

O café, também na lista dos principais itens de exportações do agronegócio brasileiro, ganhou preço externo, mas houve quebra interna de safra, principalmente de conilon. As receitas com o produto recuaram para US$ 4,8 bilhões no ano passado, 13% menos do que em 2015.

MINÉRIO

O Brasil exportou 364 milhões de toneladas de minério de ferro no ano passado, com receitas de US$ 13,3 bilhões. Esse volume financeiro foi 6% inferior ao obtido pelo país em 2015.

Houve queda também nas receitas com o petróleo, cujas exportações renderam US$ 10,1 bilhões, 15% menos do que no ano imediatamente anterior.


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