Folha de S. Paulo


Com boa safra, arroz e feijão ganham força e podem segurar a inflação

Rogerio Canella/Folhapress
Arroz e feijão vão ficar mais caros em 2016
Prato com arroz e feijão, alimentos que podem segurar a inflação

A nova safra agrícola, se concretizada nos patamares que estão sendo previstos, será um bom ponto de apoio à queda da inflação.

A evolução da produção ocorrerá exatamente nos produtos que tiveram grande pressão na inflação neste ano: arroz e feijão.

Os bons preços registrados neste ano pelo feijão podem elevar a área semeada em até 5% na safra 2016/17. Apostando nisso, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) elevou a estimativa de produção e de estoques da leguminosa no país.

A safra, após ter ficado em apenas 2,5 milhões de toneladas, pode subir para 3 milhões em 2016/17.

A melhora de produção e o consumo estável em 3 milhões de toneladas permitirão uma elevação dos estoques finais de feijão para 151 mil toneladas no final da safra 2016/17.

Esse volume ainda é pequeno em relação à média dos últimos cinco anos, mas bem superior às 50 mil toneladas registradas no final da safra 2015/16.

O mesmo ocorre com o arroz, cuja produção nacional volta para os 12 milhões de toneladas, permitindo um aumento dos estoques finais para 614 mil toneladas na safra 2016/17.

Os bons preços recebidos pelo produtor ao longo deste ano poderá elevar o plantio em 7% no Rio Grande do Sul, principal produtor nacional, segundo a Conab.

Esse volume supera em 94% o deste ano, mas ainda é bem inferior ao dos anos recentes, quando esteve entre 1 milhão e 2 milhões de toneladas.

Em ambos os casos, a melhora na oferta de produto e os estoques maiores Ðque garantem uma reposição de produto em períodos de oferta menorÐ evitam picos de preços para os consumidores e, consequentemente, pressão menor na inflação.

Tudo isso vai depender, no entanto, do clima e das boas condições das lavouras.

A safra 2015/16 estava prevista em até 213 milhões de toneladas de grãos, mas terminou o período em apenas 186 milhões.

A safra que se inicia, a 2016/17, foi prevista pela Conab entre 211 milhões e 215 milhões nesta quinta-feira (6). Muita coisa precisa dar certo para que o volume se concretize.

Não é impossível. A safra 2014/15 começou a ser estimada em 202 milhões de toneladas, mas terminou em 210 milhões.

Nessa primeira estimativa de grãos, a Conab prevê apenas a produção da safra de verão, que deverá ser de 207 milhões de toneladas, 16% mais do que a anterior.

Como vem ocorrendo todos os anos, a soja lidera a produção, podendo atingir 104 milhões de toneldas em 2016/17. O milho vem a seguir, com 84 milhões.

Para a safra de inverno, o órgão repete, por ora, o volume de produção deste ano, previsto em 7,6 milhões de toneladas.

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Motivos para acreditar Os dados desta quinta-feira (6) da Anfavea renovam as esperanças do setor de máquinas agrícolas de que os produtores agrícolas estão mais animados e voltaram a comprar.

Bem acima... As vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias atingiram 4.795 unidades no mês passado, 22% acima das de igual mês de 2015.

....mais ainda abaixo Mesmo com essa evolução, as vendas acumuladas de janeiro a setembro ainda são 17% inferiores às de igual período do ano passado.

Aos poucos O setor acredita que, aos poucos, as vendas se recuperem. O patamar recorde de 2013, no entanto, continuará sendo um curva fora da linha, sem chances de ser repetido a curto prazo.

Estimativas A Anfavea prevê que as vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias recuem para 38 mil unidades neste ano, 16% menos do que no ano passado.


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