Folha de S. Paulo


Após forte pressão, leite perde força na inflação

Mais um item do setor de alimentação começa a diminuir a pressão inflacionária. Desta vez, será o leite, cujo preço pago aos produtores teve a primeira queda em sete meses.

Um dos motivos dessa queda é a própria alta de preços ocorrida nos meses recentes nesse setor. Com menos dinheiro no bolso, devido à recessão econômica e ao aumento do desemprego, parte dos consumidores reduziu as compras de leite e de derivados.

A queda nos preços pagos aos produtores ocorre também porque o clima está favorável à produção. As chuvas em várias regiões produtoras beneficiaram as pastagens, dando melhores condições de alimentação aos animais.

Com isso, houve um aumento de 6,2% na captação de leite em agosto em relação à de julho.

Esse cenário mais favorável ocorre principalmente na região Sul, onde já teve início também a safra de leite.

Dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) apontaram um preço médio de R$ 1,5257 por litro de leite nas regiões de atuação da pesquisa do órgão, um valor 3,2% inferior ao de agosto.

A queda de preço deverá se estender também para outubro, devido à oferta maior de produto. Apesar disso, o preço do leite praticado em setembro ainda registra alta de 51% no ano, segundo o Cepea.

A taxa de inflação do IGP-M já começa a registrar queda nos preços do leite. Os dados deste mês apontam recuo de 10% nos preços do produto industrializado no atacado.

O preço médio do produto nas prateleiras dos supermercados, após registrar alta de 9,1% em agosto, também está em queda. O recuo foi de 5,8% neste mês, segundo a pesquisa da FGV.

AÇÚCAR

O clima corre normal nas áreas canavieiras da região centro-sul. Chove acima da média, embora essa chuva se distribua de forma irregular pelos Estados produtores da região.

A avaliação é do Julio Maria Borges, da consultoria JOB Economia e Planejamento. Diante desse cenário, ele acredita que a moagem de cana fique em 632 milhões de toneladas na safra 2016/17 na região centro-sul, somando 685 milhões em todo o Brasil.

Com isso, a produção de açúcar deverá atingir o patamar recorde de 35 milhões de toneladas no centro-sul, subindo para 38,7 milhões quando os Estados do Norte e do Nordeste são incluídos nessa conta.

Com o avanço da produção, o centro-sul fará exportações recordes de 25,1 milhões de toneladas de açúcar, ante 23 milhões na safra anterior.

O consumo de etanol como combustível cai para 28 bilhões de litros no país. Deste volume, 23,6 bilhões serão na região centro-sul.

Já as importações crescem e devem atingir 1,1 bilhão de litros na safra 2016/17. Boa parte desse produto importado deverá ir para o Nordeste, que terá oferta menor de produto do centro-sul nesta safra.

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Safra açucareira - A opção maior das usinas pela produção de açúcar é apontada nos dados mais recentes divulgados pela Única (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) sobre o setor.

Moagem - Pelo menos 46% da cana moída até o final da primeira quinzena deste mês foi destinada à produção de açúcar. No ano passado, o percentual era de 41,6%.

Demanda - O açúcar, com oferta mundial de produto abaixo da demanda, é mais rentável para a indústria. Os preços atuais superam em 100% os de há um ano na Bolsa de commodities de Nova York.

Etanol - A produção total de álcool está estável nesta safra, em 18 bilhões de litros. Cresce a de anidro, que foi a 7,4 bilhões —12% mais ante igual período da safra anterior—, mas cai a de hidratado, que está em 10,6 bilhões —7% menos.

Empate técnico - O consumo mundial de arroz deverá subir para 482 milhões de toneladas na safra 2016/17, o mesmo volume que será produzido no período.

Pouco comércio - O arroz é um dos cereais com o menor comércio mundial. Nesta safra, serão apenas 40 milhões de toneladas movimentadas internacionalmente, segundo dados do IGC (conselho internacional de grãos).

Presença menor - O Brasil, um país que vem ganhando mercado externo no setor de arroz nos últimos anos, deverá exportar menos. Pressão menor do dólar, preços internos rentáveis e estoques baixos ajudarão a reter o cereal internamente.

Líder mundial - Com clima favorável e produção de 70 milhões de toneladas de trigo, a Rússia confirmará a dianteira nas exportações mundiais desse cereal. Exportará 31 milhões de toneladas, desbancando a União Europeia, que colocará 27 milhões.


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