Folha de S. Paulo


Mercado externo está mais favorável para o Brasil do que para os EUA

O cenário internacional das commodities continua afetando as receitas dos exportadores desses produtos.

Dois dos principais –Brasil e Estados Unidos– interromperam o ciclo de alta do saldo da balança do agronegócio que vinham tendo nos últimos anos.

Pior para os norte-americanos, que tiveram também redução no volume exportado. As exportações dos EUA deverão render US$ 127 bilhões nesta safra 2015/16, que se encerra no final de setembro.

O valor é 9% inferior ao do período anterior. Já as importações recuaram para US$ 113 bilhões, com queda de apenas 1%.

O resultado final da balança comercial do agronegócio dos norte-americanos será de um saldo de apenas US$ 14 bilhões, 45% menos do que o de 2015, conforme previsões do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

O Brasil apresenta números semelhantes aos do ano passado nas exportações, mas teve forte redução nas importações.

As exportações dos últimos 12 meses findos em agosto mostraram receitas de US$ 89 bilhões, iguais às de igual período anterior. Já as importações caíram para US$ 12,4 bilhões, com redução de 15%.

O saldo final do período foi de US$ 76,6 bilhões, 3% superior ao imediatamente anterior, segundo dados da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio.

Estados Unidos e Brasil viveram momentos diferentes nos últimos meses. Os norte-americanos tiveram menos produtos para exportar e um dólar forte que fez as commodities deles perder competitividade.

Já o Brasil teve maior oferta de produto para exportar, principalmente de milho, e uma taxa de câmbio que deu competitividade aos produtos brasileiros.

Para a safra 2016/17, a situação se inverte. Os EUA vão obter uma supersafra de grãos, enquanto o fôlego brasileiro para exportar deverá diminuir, principalmente no caso do milho.

Estoques elevados e ritmo fraco da economia mundial serão um fator de fragilidade dos preços. E os dois países vão praticamente disputar o mesmo mercado, o da Ásia.

Os países asiáticos recebem 44% das exportações do setor do agronegócio norte-americano. A Ásia é responsável também por grande parte das exportações de soja, carnes e milho feitas pelo Brasil.

No caso do mercado europeu, brasileiros e norte-americanos têm participações semelhantes. Mas o Brasil tem vantagem nas vendas de carnes e nas do complexo soja.

Em 2014, um ano de demanda mundial e de preços bastante favoráveis, os Estados Unidos exportaram o correspondente a US$ 152 bilhões, obtendo saldo de US$ 43 bilhões.

Já o melhor momento para o Brasil foi o ano de 2013, quando o país exportou US$ 100 bilhões e obteve saldo positivo de US$ 83 bilhões.

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Avanço A União Europeia não tem a capacidade de exportação de cereais como Brasil e Estados Unidos, mas os europeus vêm ganhando mercado. As exportações de cereais, que há 15 anos giravam em torno de 27 milhões de toneladas, somaram 50,7 milhões na safra 2015/16.

Trigo Um dos destaques desse aumento de exportação da União Europeia foi o trigo, cujas vendas somaram 33 milhões de toneladas nesta safra. As vendas de milho subiram para 13 milhões, acima das de 2015, mas ainda abaixo dos 15 milhões de toneladas de 2014.


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