Folha de S. Paulo


Fundos determinam preços das commodities agrícolas

Mauro Zafalon/Follhapress
Sertaneja/PR: Milho sai de colheitadeira para carroceria de caminhao em lavoura no norte do Paraná. Foto Mauro Zafalon/Follhapress) ***MERCADO VAI VEM***
Milho sai de colheitadeira para carroceria de caminhão em lavoura no norte do Paraná

A semana do mercado de commodities agrícolas foi marcada mais pelas participações dos fundos de investimentos no setor do que pelos fundamentos (produção, safra e demanda).

Os volumes de safras nos Estados Unidos estão praticamente definidos e não devem mudar muito. No caso do da soja, produto que ainda poderá ter algumas variações, as estimativas particulares esperam até 112 milhões de toneladas, acima dos 110 milhões previstos pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Os fundos de investimento, que detinham 17,3 milhões de toneladas de soja nas mãos no dia 23 de agosto, se desfizeram de 3,7 milhões, chegando ao dia 30 com 13,6 milhões.

O volume nas mãos dos fundos acaba sendo considerado elevado porque esse é um período que antecede o início da safra nos Estados Unidos. Em geral, do final de agosto ao início de outubro, o período é de queda nos preços.

Mas Daniele Siquera, da AgRural, diz que ainda há dúvidas sobre o comportamento do mercado nas próximas semanas..

Se de um lado haverá uma supersafra, de outro a demanda mundial continua forte, e os Estados Unidos têm estoque reduzido de soja.

Supersafra e vendas pelos fundos seriam um sinal de queda de preços no mercado. Os fundos poderiam estar segurando um estoque razoável de contratos nas mãos, no entanto, porque os Estados Unidos estarão sozinhos na oferta de soja até fevereiro.

O Brasil está praticamente sem soja —os números de exportações de agosto mostram isso—, e a Argentina também tem oferta reduzida devido à quebra de produção, afirma Siqueira.

Já com relação ao milho, a situação está mais bem definida, o que justifica o fato de os fundos estarem com 20,6 milhões de toneladas do cereal vendidos.

Ao contrário do que ocorre com a soja, a participação dos chineses no milho é insignificante, em relação ao volume mundial produzido.

Segundo avaliações da AgRural, o perigo é a soja ter uma redução para valores inferiores a US$ 9 por bushel (27,2 quilos), o que aumentaria o apetite chinês pelo produto norte-americano, cuja safra antecede as brasileira e argentina.

A soja fechou nesta sexta-feira (2) a US$ 9,53 por bushel no contrato de novembro em Chicago, com queda em relação aos US$ 9,67 de há uma semana.

O milho teve pequena elevação, atingindo US$ 3,29 por bushel (25,4 quilos), ante US$ 3,25 em 26 de agosto.

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Algodão – As importações de algodão pela China na safra 2016/17 deverão ficar próximas do volume de 1 milhão de toneladas de 2015/17.

Estoques – As estimativas são de analistas de mercado. Se confirmado, esse volume volta a ficar abaixo do dos anos anteriores, devido à desova de estoques pelo governo chinês no mercado interno do país.

Em queda – As exportações de carne de frango caíram em reais no mês passado. Dados da ABPA (associação do setor) indicam recuo de 13,5% no mês, somando R$ 1,98 bilhão. Dólar e exportações menores provocaram a queda.

Ainda em alta – O saldo do ano é de R$ 16,4 bilhões, 9,4% mais do que o de janeiro a agosto de 2015, segundo a ABPA.


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