Folha de S. Paulo


Agricultura ameniza crise da indústria de máquinas de construção

Ruy Baron/Valor
Plantio de soja em Primavera do Leste (MT)
Plantio de soja em Primavera do Leste (MT)

A desaceleração econômica, somada à Operação Lava Jato, que afetou duramente as grandes construtoras, provocou uma forte redução na produção e vendas de máquinas para o setor de construção.

A agricultura acabou salvando o setor —ou pelo menos impedindo uma queda ainda maior nas atividades dessa indústria.

No ano passado, as vendas de máquinas para construção caíram para 11,5 mil unidades, 58% menos do que em 2014. No mesmo período, a participação das vendas desses equipamentos para a utilização na agricultura subiu de 10% para 30%, de acordo com Maurício Moraes, da Case Construção.

Segundo ele, as especificidades das máquinas de construção adaptadas também para as atividades agropecuárias estão fazendo o setor agrícola participar mais das vendas da indústria de equipamentos de construção.

A evolução tecnológica da atividade agropecuária começa a exigir cada vez mais operações integradas de infraestrutura e manejo agrícola. Muitos produtores, tradicionais em apenas um setor, começam a diversificar suas atividades e a fazer uma integração lavoura-floresta-pecuária.

Essa integração exige uma estrutura diferente das atuais nas fazendas. Um proprietário voltado apenas para a pecuária, e que opta pela integração, terá de adquirir máquinas novas, que vão desde motoniveladoras para a correção de estradas a retroescavadeiras.

Moraes diz que as máquinas antes utilizadas em construção chegam cada vez mais à atividade agrícola, inclusive de pequenos produtores. Entre elas, ele cita tratores de esteiras, pás carregadeiras e cavadeiras hidráulicas.

Para o executivo da Case, os pequenos produtores já utilizam esses equipamentos em atividades de carregamento de insumos, limpeza e para serviços gerais.

O avanço das vendas de máquinas destinadas inicialmente à construção se deve, em parte, à maior acessibilidade dos produtores aos financiamentos públicos. Eles têm a opção das modalidades do Finame agrícola e Pronamp. Esse programas facilitam na taxa, na carência e no prazo de pagamento.

Além disso, a sazonalidade permite ao produtor pagamentos semestrais, diferentemente do Finame tradicional, em que os pagamentos são mensais.

Moraes afirmou nesta terça-feira (30), durante a Expointer (exposição de máquinas e animais em Esteio-RS), que, após a forte queda de vendas no ano passado, o setor de máquinas de construção começa a melhorar neste segundo semestre.

"É possível que haja um empate em relação às vendas de 2015, que ficaram em 11,5 mil unidades", diz ele.

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Insolvência: A crise econômica não é tão dura com os agricultores como em outros setores. Mas, mesmo assim, aumenta a insolvência no setor.

Acima de 30 dias: Carlo Alberto Sisto, presidente do banco CNH Industrial, diz que a insolvência vem aumentando e está hoje entre 5% e 8%. Esse percentual considera produtores que não efetuaram pagamentos de dívidas vencidas com mais de 30 dias.

O jornalista viajou a Esteio (RS) a convite da CNH Industrial.


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