Folha de S. Paulo


Europa busca normas de segurança agrícola no Brasil

Danilo Verpa - 5.set.2012/Folhapress
Plantação de eucalipto na indústria Fibria, na cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul
Plantação de eucalipto na indústria Fibria, na cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul

O Brasil é bom na agropecuária e, na última década, ganha importância no cenário externo a cada ano.

Mas o país não só ganha referência em grãos e em proteínas mas é procurado também pela tecnologia avançada nos equipamentos que utiliza.

Um dos exemplos é o setor de defesa de trabalhadores na aplicação de agroquímicos. França, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos estão interessados nos avanços e na qualidade dos produtos brasileiros.

Um país tropical, e com a possibilidade de mais de uma safra por ano nas principais regiões produtoras, o Brasil passou a ser o líder mundial na utilização de agroquímicos.

Estima-se que o país tenha 2 milhões de trabalhadores voltados na aplicação de defensivos agrícolas e que, devido ao mau uso ou despreparo da mão de obra e à inadequação de alguns equipamentos, o país tenha uma perda de R$ 2 bilhões por ano.

Os erros nas aplicações podem ser não apenas devido ao excesso mas também pelas chamadas subdoses, que permitem que a planta daninha e o inseto desenvolvam resistência aos produtos.

Esse status que o país adquiriu na área de segurança começou com um simples impasse entre uma empresa na área de citricultura e o Ministério do Trabalho, há duas décadas. O ministério achava inadequado o equipamento de pulverização utilizado pela empresa.

O IA (Instituto Agronômico) foi chamado para ser o mediador da questão. Mas se basear em que parâmetros se àquela época não haviam exigências específicas de segurança?

O instituto estabeleceu novas bases e estudou a legislação de outros países, segundo Hamilton Ramos, pesquisador e coordenador do IA/Quepia.

Com base nessas normas, avaliou vestimentas de 12 empresas. Todas foram reprovadas.

Iniciava-se aí uma cooperação entre o IA, indústrias de vestimentas do setor e Ministério do Trabalho sob o chapéu do então recém-criado programa Quepia (Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura).

O Quepia, ligado ao CEA (Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de Jundiaí), completa dez anos nesta quinta-feira (14). É ligado ao programa de qualidade de proteção individual do IA.

Para não ficar isolado nas definições desse setor, o país buscou normas com base na ISO (um programa de normas de segurança internacionais). Além de parceria com ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), indústrias de vestimentas e Ministério do Trabalho.

O estágio atingido pela legislação e produtos brasileiros foi o que chamou a atenção de outros países, como França, que não tem a experiência que têm os brasileiros nesse setor.

Em agosto, técnicos do Quepia vão a Espanha, França e Inglaterra para avaliar os dispositivos desses países e dar treinamentos.

Além do conhecimento que o Brasil pode transferir para esses países, abre mercado para exportadores brasileiros desses equipamentos, segundo Ramos.

Para ele, quem ganha são os produtores que estão mais protegidos do que há dez anos.

Entre os pontos negativos ele destaca a existência de apenas um laboratório para fazer toda a avaliação das normas da ISO (protocolo de qualidade). Além disso, é difícil fazer o resultado do trabalho de chegar à opinião pública, segundo ele.

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VBP O Valor Bruto da Produção brasileira de 2016, incluindo 26 produtos, recuou para R$ 514 bilhões neste ano, conforme estimativas feitas neste mês. Esse valor representa queda de 3% em relação a 2015.

Lavouras O valor das lavouras cai para R$ 335 bilhões, 2% menos, segundo dados do Ministério da Agricultura. Pesou para a queda a estabilidade do VBP da soja, produto no campo brasileiro.

Pecuária Com quedas em todos os principais itens deste setor, o Valor Bruto da Produção será de R$ 179 bilhões, 5% menos do que no ano passado.


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