Folha de S. Paulo


País perde US$ 15 bi com queda no preço da soja e do minério de ferro

Editoria de Arte

O ritmo das exportações de commodities foi bom em 2015. O problema foram os preços internacionais. Os dois carros-chefes da balança comercial mostram bem esse cenário.

As exportações de soja em grão devem ter ficado em 54 milhões de toneladas, 17% mais que em 2014.

As receitas obtidas com esse produto, no entanto, recuaram para US$ 21 bilhões no ano passado, 10% menos do que no anterior.

Outro grande desfalque na balança comercial de commodities veio do minério de ferro. A Secex (Secretaria de Comércio Exterior) aponta que saíram dos portos brasileiros 349 milhões de toneladas em 2015, volume praticamente igual ao de 2014 -344 milhões.

As receitas obtidas nesses dois anos têm uma grande diferença. Em 2015, o minério rendeu US$ 14,1 bilhões, 45% menos do que o valor financeiro atingido em 2014.

Essa perda de divisas dos dois produtos para o país vêm se acentuando, mas não terá espaço para novas quedas tão intensas como as verificadas recentemente.

Em janeiro de 2014, a Secex registrou que as exportações de soja em grãos foram feitas a US$ 582 por toneladas. A demanda mundial pelo produto continua aquecida, mas supersafras nas principais regiões produtoras e recuperação de estoques derrubaram os preços para US$ 385 no mês passado. O recuo foi de 34% no período.

A situação do minério de ferro é ainda pior. Negociado a US$ 100 por tonelada no início de 2014, o valor médio do produto esteve em US$ 32 em dezembro último. A queda no período é de 68%.

As exportações do complexo soja -que inclui, além do grão, o farelo e o óleo de soja- recuaram para US$ 28 bilhões no ano passado, ante US$ 31,3 bilhões em 2014.

As carnes, também importantes no saldo da balança comercial, perderam receitas em dólar no ano passado.

As exportações desse item recuaram para US$ 12 bilhões, 15% abaixo do valor de 2014, segundo dados da Secex. Os dados do órgão federal incluem apenas as carnes "in natura", não considerando o produto industrializado e salgado.

Apesar da queda em dólar, as carnes tiveram receitas maiores em reais, devido à alta da moeda dos Estados Unidos, em relação à brasileira.

As receitas dos dez principais produtos do agronegócio renderam US$ 70 bilhões no ano passado, 9% menos do que em 2014.

O açúcar também cooperou para essa queda. Com estoques mundiais elevados e consumo abaixo da oferta mundial, os preços perderam força de 2014 para 2015.

O resultado foi que as exportações renderam US$ 7,6 bilhões em 2015, 19% menos do as do ano anterior.

O cenário para esse produto deverá ser outro neste ano. A demanda mundial por açúcar voltou a ser superior à produção, o que já se reflete nos preços internacionais.

O milho, ao atingir o recorde de 27 milhões de toneladas exportadas no ano passado, foi um dos pontos positivos da balança comercial. As receitas, que haviam somado US$ 3,9 bilhões em 2014, subiram para US$ 4,9 bilhões no ano passado.

O milho também teve queda no preço médio de negociações -de 9% em 12 meses-, mas o aumento no volume comercializado permitiu receitas maiores.

O aumento da produção da safrinha e o dólar favorável às exportações brasileiras fizeram o país ganhar mercado com o cereal.

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Recorde no mês O Brasil nunca exportou tanto milho como em dezembro. Foram 6,3 milhões de toneladas, 84% acima do volume de igual período de 2014.

Recorde no ano Com o bom desempenho do mês passado, o volume total de 2015 subiu para 27 milhões de toneladas. O maior volume até então era o de 2013, com 26,6 milhões de toneladas, segundo dados da Secex.

Petróleo As exportações do produto bruto recuaram para US$ 11,8 bilhões no ano passado, 28% menos do em igual período do ano anterior.

Celulose As exportações do ano passado renderam US$ 5,6 bilhões, 6% mais do que em 2014. Os preços médios da tonelada subiram de US$ 444, em dezembro de 2014, para US$ 483 no último mês do ano passado.


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