Folha de S. Paulo


Setor de ave e suíno abre espaço para pequenos

O setor de proteína animal é um dos que mais se desenvolvem no país. Além de um mercado interno grande, o Brasil ganha espaço no fornecimento externo, principalmente devido a problemas sanitários em outros países.

O importante do setor é que, mesmo com gigantes operando mundialmente, as pequenas empresas também ganham espaço.

Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira da de Proteína Animal), diz que as pequenas atuam em nichos de mercado e são procuradas pela fácil adaptabilidade à demanda dos consumidores internos e dos importadores.

Turra afirmou no Siavs (Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura), realizado nesta semana em São Paulo, que o setor de aves e de suínos se torna cada vez mais importante para o país.

São responsáveis por 10,5% das exportações brasileiras. Além dessa participação na balança comercial, o setor "promove uma disseminação positiva de renda nos Estados produtores", diz ele.

O uso intensivo de tecnologia proporciona um produto de qualidade e de fácil aceitação pelo mercado externo.

Além disso, o presidente da entidade destaca que a matéria-prima disponível para a alimentação dos animais é um ponto importante.

Ele cita o exemplo da Rússia, que tem dificuldades nesse quesito devido a clima e pouca produção de grãos.

Turra acredita que este seja um momento de avanços para o Brasil. Pelo menos 40 países no setor de aves são afetados pela gripe aviária.

Entre eles, estão os Estados Unidos, maiores produtores mundiais. Os norte-americanos, devido a essa doença, perdem de 8% a 9% do mercado exportador.

Apesar da grande presença brasileira no mercado externo de aves, Turra acredita que o país ainda possa melhorar a presença na Ásia e nos países africanos.

Já no setor de suínos, ele acredita que o país deva olhar mais para a Ásia, inclusive com a abertura da Coreia do Sul, e ampliar a presença na América Latina.

A China, o maior produtor mundial de carne suína, tem sérios problemas de sanidade e perde 10% desse mercado. "Há espaço para o Brasil no país", diz ele.

Mas o Brasil não pode ficar refém apenas do Leste Europeu, afirma Turra. A instabilidade das vendas para essa região coloca em perigo o ritmo das exportações e dificulta o planejamento do produtor brasileiro.

Turra diz que o Brasil está mais maduro e que não se deixa levar mais pelos atrativos temporários de mercado.

Apesar da crise econômica vivida pelo país, o presidente da ABPA diz que as grandes empresas mantêm investimentos no setor. "E investimentos pesados", conclui.

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Pesquisas agrícolas têm de chegar ao produtor familiar

Assim como o resto do agronegócio, a agricultura familiar ainda vai bem. "O Plano Safra para o setor é elogiável." A cobertura de seguro subiu, o volume de crédito é maior e o governo desburocratizou a agroindústria para o setor.

A avaliação é de Braz Abertini, da Fetaesp (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado de São Paulo). "Mas essas medidas, sem um avanço da extensão rural, não ajudam muito", diz ele.

É preciso haver uma ponte entre os produtores e as novidades criadas nas universidades e nos institutos de pesquisas. Sem essa ligação -que deveria ser feita tanto pelo governo federal como pelos estaduais-, "as coisas não andam", afirmou nesta sexta-feira (31) na Agrifam, feira da agricultura familiar que se realiza em Lençóis Paulista (SP).

Um dos objetivos da feira é inserir os agricultores familiares no agronegócio, segundo o presidente da Fetaesp.


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