Folha de S. Paulo


Exportação de frango vai ser recorde no mês

Os números de exportação de frango da indústria brasileira, referentes aos dez primeiros dias do mês, indicam que o país deverá obter um recorde mensal, em volume.

A estimativa é do presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteínas Animal), Francisco Turra.

Editoria de Arte/Folhapress

Essa aceleração das exportações brasileiras é reflexo do avanço da gripe aviária pelo mundo, segundo ele.

Já são 36 países nos quais parte das granjas dos produtores do setor está afetada pela doença. Com isso, boa parcela da carne de frango brasileira deverá ser direcionada para o mercado externo nos próximos meses.

Mas a sustentação do mercado vem também de fatores internos. Há uma substituição da carne bovina -com preços mais salgados- para a de frango, segundo Turra. Dados da Jox Consultoria indicam que o frango teve alta de 19% nos últimos 30 dias.

E esse cenário dos mercados interno e externo inibe uma redução de produção, apesar da situação econômica difícil pela qual passa o país, afirma ele.

Um dos trunfos da avicultura brasileira é a sanidade. Para a manutenção dessa situação, é necessária a vigilância nas granjas e nos pontos de entrada do país, diz o presidente da ABPA.

Devido a essas condições, o Brasil tem ampliado mercado, inclusive para países com bom volume de importações. Um deles é a China, que até 2023 deverá importar 4,8 milhões de toneladas no mercado externo, praticamente o volume atual das exportações do Brasil, afirma Turra.

O volume vai de vento em popa, mas as receitas têm ritmo menor. O preço médio atual de negociação tem superado o dos meses anteriores, mas ainda fica 15% inferior ao de junho de 2014, conforme dados da Secex.

Nas duas primeiras semana do mês, as exportações de frango "in natura" superaram em 31% as de igual período anterior, enquanto as receitas cresceram 15%.

EUA

Já nos Estados Unidos, principal produtor mundial de aves, a situação não vai bem desde o início do ano. Pelo menos 15 Estados do país já registram a gripe aviária.

Esta afeta principalmente a produção de perus e de ovos, mas o frango não fica imune aos efeitos da doença.

Com os preços menores dos grãos, o que reduz custos, os produtores aumentaram a produção. A gripe aviária fez, no entanto, com que vários países suspendessem as importações dos EUA.

Produção maior e restrições nas exportações provocam alta dos estoques.

A União Europeia também vive momentos de dificuldade no setor. O mercado muda rapidamente, e a indústria tem de se adaptar às exigências do consumidor.

As adaptações do setor passam ainda pelos desafios dos custos, das doenças e do respeito ao ambiente e ao bem-estar animal, segundo avaliações do Rabobank, instituição financeira especializada no agronegócio.

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Potencial O setor de hortaliças tem grande potencial de expansão no país. São crescentes o investimento em tecnologia e a busca por uma redução de custos no setor, inclusive os com mão de obra, que está cada vez mais escassa no campo.

Crédito A avaliação é de Alexandre Oliveira, diretor comercial da Agristar. Dificuldades no acesso a crédito e até a falta de água têm dificultado, no entanto, a atividade dos pequenos produtores, de acordo com ele.

Hortitec Em sua 22ª edição, a exposição visa o desenvolvimento das culturas de hortaliças, frutas, flores, legumes e produtos florestais. Passou pela exposição um público estimado de 27 mil pessoas. Os negócios foram estimados em R$ 80 milhões pela direção da feira.

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Demanda crescente movimenta hortaliças

Soja e milho movimentam o agronegócio. Há um setor, no entanto, o de hortaliças, que apresenta um vigor ainda maior neste momento.

Com uma demanda anual crescente, principalmente devido à mudança dos padrões de alimentação do brasileiro, os 18 principais produtos dessa cadeia geram faturamento de R$ 53,5 bilhões por ano.

Os dados são da Abcsem (Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas). A entidade estima que o movimento atinja R$ 14 bilhões apenas dentro das propriedades rurais.

Movimentado basicamente por pequenos produtores, o setor mantém 2 milhões de trabalhadores no campo, utilizando 653 mil hectares nas principais culturas, segundo Marcelo Pacotte, secretário-executivo da Abcsem.

O desenvolvimento de sementes é um dos destaques. Em busca de um produto que incorpore cada vez mais tecnologia, visando produtividade e defesa contra pragas, a indústria de semente movimenta R$ 475 milhões ao ano.

O Brasil atrai a atenção no setor, inclusive de empresas estrangeiras. Dos 460 expositores da Hortitec deste ano, feira que se encerrou nesta sexta-feira (19) em Holambra (SP), 30 deles vieram de fora.


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