Folha de S. Paulo


Impostos inibem o consumo de suco de laranja no Brasil

Quando o produtor envia uma caixa de laranja de 40,8 quilos de sua produção para a indústria, recebe R$ 15.

Após industrializada, essa mesma quantidade de laranja rende 20 litros de suco que, se comercializado no mercado interno, vai pagar R$ 40 apenas de impostos.

"Isso explica porque esse mercado interno de suco nunca decolou", afirma Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos).

Com o consumo externo desabando, uma das saídas a curto prazo é o mercado interno, o que está levando o setor a uma cruzada para a desoneração dos impostos. ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e PIS-Cofins oneram em 27,2% o suco de laranja comercializado no país.

Com uma tributação tão pesada -o que inibe a evolução do consumo no mercado interno- e a demanda externa em queda, o setor encolhe, afetando principalmente os produtores de menor escala.

A queda dessa tributação elevaria o consumo de laranja, destinada apenas para a produção interna de suco, para 50 milhões de caixas por ano, bem acima das atuais 4 milhões, diz Ibiapaba Netto.

A demanda total de suco de laranja brasileiro deverá terminar este ano com um volume de 1,1 milhão de toneladas, 322 mil toneladas abaixo do que foi há dez anos.

O consumo interno de suco não decola porque não tem um preço atraente para o consumidor. Com custo de produção próximo de R$ 2,60 por litro na indústria, chega à gôndola do supermercado a R$ 8,40, após incluídas margens da cadeia e impostos.

O consumo de sucos com 100% de frutas -como laranja, uva e maçã- é de 0,5 litro por pessoa no mercado brasileiro. Nos Estados Unidos, chega a 19 litros, enquanto no Canada atinge 29.

A indústria de suco de laranja acredita que a demanda mundial e interna por suco brasileiro possa atingir 1,3 milhão de toneladas em 2024, se houver a desoneração de impostos no país e uma ação de marketing das indústrias. Do contrário, a demanda será 140 mil toneladas menor. O consumo nos EUA, que era de 1,03 milhão de toneladas de suco em 2004, recuou para 688 mil em 2014 e cairá para 433 mil em 2024.

A Europa, outro mercado importante, consumiu 880 mil toneladas em 2004, volume que recuou para 756 mil no ano passado e deve cair para 665 mil em nove anos.

A China compensa parte dessa queda. O consumo, que esteve em 49 mil toneladas em 2004, subiu para 149 mil no ano passado e deverá subir para 387 mil em 2024.

Com esse balanço de queda nos principais mercados, como Estados Unidos e Europa, e elevação nos emergentes, como é caso da China, a demanda mundial de 2024 ficará próxima de 2,1 milhões de toneladas, um volume igual ao de 2014.

A exportação brasileira, que atingiu 1,3 milhão de toneladas em 2004, caiu para 1,2 milhão em 2014 e deverá ficar 1,1 milhão em 2024.

O consumo de suco produzido no Brasil tem como destino o mercado externo, que absorve 97% do total.

*

Etanol O preço mantém queda nos postos da cidade de São Paulo. Pesquisa da Folha indicou preço médio de R$ 2 por litro, 1,1% menos do que na semana anterior.

Paridade Ao cair para esse valor, o preço do litro do etanol vale 63,6% do da gasolina. Com isso, o derivado de cana-de-açúcar é bastante competitivo em relação ao derivado do petróleo.

Memorando O IICA, um organismo vinculado à OEA (Organização dos Estados Americanos), fará um memorando de entendimentos com a Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores. Um dos objetivos é exportar conhecimento do Brasil na área de produção de alimentos.


Endereço da página: