Folha de S. Paulo


Câmbio ajuda exportações, mas traz custos

O dólar é um dos grandes sustentáculos dos preços das commodities para os brasileiros neste momento. Mesmo exportando volume menor e recebendo menos receitas em dólares, o volume financeiro em reais tem sido maior para alguns setores.

Mas, apesar de facilitar a vida do exportador e produtor, o agronegócio não deve focar apenas os benefícios da valorização da moeda norte-americana, segundo alguns dirigentes desse setor.

A alta do dólar -que torna os produtos brasileiros mais vantajosos no exterior e significa que um volume maior de reais será pago por eles- pode esconder custos internos que o mesmo dólar e os desacertos da economia trazem.

"Se simplesmente olhássemos para o dólar, o setor estaria rico em um momento como este", diz Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

A verdade é que o importador também faz contas, dificulta as negociações e exige descontos, segundo Turra.

Na avaliação de Antonio Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina), o dólar forte ajuda bastante.

Mas, para ele, "o dólar bom é o que não agrada a importador e exportador. O que todos reclamam dele". Cada mercado tem sua especificidade, e exportador e importador querem o melhor rendimento.

No caso da carne bovina, "estamos reformulando os pacotes de exportações, principalmente para os países da área cinzenta e que foram afetados pelo petróleo, como Rússia e Venezuela", diz.

Os mercados, de forma geral, exigem qualidade, o que tem elevado os custos de vários dos concorrentes do país.

Daí a busca das empresas brasileiras por mercados que paguem mais, como Japão, Coreia do Sul, Taiwan e Indonésia, afirma Camardelli.

Tanto Turra como Camardelli estão confiantes com o cenário deste ano. Turra, do setor de frango e de suínos, aponta os dados favoráveis que o dólar pode trazer.

O volume de exportações de frango de fevereiro foi 1,6% superior ao de igual mês de 2014. Já as receitas caíram 6,7% em dólares no mesmo período. Com a valorização da moeda norte-americana, no entanto, as receitas subiram 10,3% em reais.

Editoria de Arte/Folhapress

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Gasolina O preço da gasolina voltou a ficar menor no Brasil do que no mercado internacional nesta quarta-feira (4). O preço, base refinaria, esteve 4,1% abaixo do valor negociado na costa do golfo dos EUA, apontam cálculos da Datagro.

Causas Essa paridade ocorre devido à valorização do dólar e à recuperação do preço da gasolina nos EUA. A defasagem não inclui custos de frete, descarga e internalização relacionados à importação de gasolina.

Pico De 2011 a outubro de 2014, a defasagem média no preço da gasolina, calculada pela Datagro, foi, em média, de 16%, com pico de até 27%.

Diesel No caso desse combustível, o diferencial de preço ainda é positivo internamente. O preço de referência na refinaria está 11,1% acima do praticado no mercado internacional.

Tilápia O Sebrae e os setores produtivos definirão os requisitos que garantirão a qualidade do peixe mais cultivado no país.

Sugestões Até o dia 23, produtores poderão conhecer e contribuir com o projeto que define as diretrizes básicas para a criação da tilápia no site http://www.abntonline.com.br/consultanacional/, na seção aquicultura.

Futuro Após forte queda na terça-feira (3), em Nova York, o café voltou a subir nesta quarta (4), para US$ 1,34 por libra-peso. Já a soja recuou 2% na Bolsa de Chicago, para US$ 9,89 por bushel.


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