Folha de S. Paulo


Ouro Verde

Beneficiada pela demanda chinesa, Eldorado aposta na viabilidade do aumento de produção de celulose em Mato Grosso do Sul

As exportações de celulose somaram 10,6 milhões de toneladas em 2014, 13% mais do que em 2013. Apesar do cenário macroeconômico incerto, o de celulose, principalmente o de fibra curta, passa por bom momento. A demanda cresce, o preço aumenta e o Brasil tem um papel importante no cenário mundial.

O crescimento da demanda por celulose de fibra curta, matéria-prima para a produção de papel higiênico, toalha de papel e outros produtos de uso sanitário, é de 1,3 milhão a 1,5 milhão de toneladas por ano.

O Brasil é responsável pelo fornecimento de 60% a 70% dessa nova demanda, enquanto a China responde por 70% dessa evolução.

A avaliação é de José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado Brasil, ligada à J&F Investimentos S.A. Para ele, as empresas brasileiras, apesar do aumento da oferta interna de produtos, estão bem posicionadas no mercado mundial, devido a custos menores de produção.

O setor é preponderantemente exportador e, com a nova realidade do câmbio, o cenário fica ainda mais favorável. Grubisich diz que "o preço líquido das exportações subiu de US$ 550 por tonelada, em maio de 2014, para os atuais US$ 590". No caso da Eldorado, os custos são 80% em reais, e as receitas, 100% em dólares, afirma.

Com base nessa avaliação do mercado, Grubisich acredita que a Eldorado, uma das mais jovens do setor, consiga um equilíbrio financeiro já neste ano e chegue, a partir de 2016, a um lucro líquido.

Além do cenário internacional favorável, o executivo destaca dois pontos para maior eficiência da Eldorado. A partir de abril, a empresa começa a operar o terminal próprio de Santos, com redução de custo de R$ 50 por tonelada movimentada.

A redução de custos da empresa passa ainda pela utilização de madeira apenas da região de Três Lagoas (MS), onde está a fábrica. Neste primeiro trimestre, a Eldorado ainda vai receber madeira do Estado de São Paulo.

Em seguida, a Eldorado concentra o fornecimento de madeira em um raio de 120 quilômetros da empresa e a área de eucalipto somará 260 mil hectares no final de 2015.

China

Um dos pontos favoráveis para o mercado tem sido a China. O setor de celulose não sente o impacto da desaceleração da economia. Ao voltar-se para dentro e incentivar o consumo, a China mantém aquecida a venda de derivados de celulose.

Já a Europa, um mercado importante para esse setor, merece um olhar com mais cuidado. "Para nós, importa mais a taxa de câmbio do que o crescimento da economia. Vendemos a celulose em dólar e, como a moeda do bloco europeu está se desvalorizando, a nossa celulose passou a ter um aumento significativo de preços em euro." E esse setor está com as margens apertadas, diz Grubisich.

A produção de celulose da Eldorado será de 1,65 milhão de toneladas neste ano. A empresa prepara uma segunda linha de produção, ao lado da já existente. Quando efetivada, a partir de 2018, a produção ficaria em 2,3 milhões de toneladas acima da atual.

Pronto o projeto de engenharia básica, a empresa faz a cotação de equipamentos e a estruturação financeira.

Apesar da situação complicada da economia brasileira, Grubisich acredita que "até o terceiro trimestre estaremos com a oferta dos fornecedores e com a estruturação do pacote financeiro prontas. Aí vamos tomar a decisão final".

O projeto envolve R$ 10 bilhões e deverá ser formado com R$ 4 bilhões de capital adicional da J&F, dos fundos Petros e Funcef e de novos acionistas.

Para os outros R$ 6 bilhões, a empresa espera crédito de agências que financiam os equipamentos importados, do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste, do FI-FGTS e do BNDES. Este último teria uma participação menor nessa nova linha, de 30%, acredita o executivo.


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