Folha de S. Paulo


Alta de tributo na gasolina chega antes ao preço do álcool em SP

Os postos já anteciparam, no álcool, o efeito da alta que a gasolina terá com a elevação de tributos.

A tributação começa a partir de domingo (1º), e a alta da gasolina permite também um reajuste para cima nos preços do etanol.

Os reajustes começaram mais cedo e, nesta semana, o álcool ficou 3,5% mais caro nos postos de abastecimento da cidade de São Paulo.

Pesquisa da Folha em 50 postos do município aponta que o preço médio do etanol subiu para R$ 1,989. Já a gasolina esteve em R$ 2,914 por litro, com evolução de 0,5% no período. A paridade, que era de 66% na semana passada, subiu para 68% nesta.

O que permite afirmar que a razão para o aumento do etanol na bomba são os impostos da gasolina é que, mesmo sendo período de entressafra, a oferta de álcool é boa.

O reflexo da alta da mistura de anidro à gasolina para 27% também não tem muito efeito. As compras do etanol anidro são feitas antecipadamente, via contrato.

Mauro Zafalon - 26.abr.13/Folhapress
Unida de álcool em Ivinhema (MS); etanol está com produção em patamares recordes
Usina de álcool em Ivinhema (MS); etanol está com produção em patamares recordes

O aumento de impostos sobre a gasolina já se reflete também nos preços do etanol nas usinas. O indicador diário do Cepea e da BM&FBovespa registra alta de 11% nos preços do hidratado na segunda quinzena deste mês.

A produção brasileira de álcool deverá atingir o recorde de 28,2 bilhões de litros nesta safra 2014/15. A estimativa para a safra 2015/16 também indica recorde: 29,1 bilhões de litros, segundo a consultoria Datagro.

Ao atingir esses volumes, a produção de etanol começa a chegar ao limite da capacidade, diz Plinio Nastari, presidente da consultoria.

A demanda continua, mas a oferta desse combustível não terá uma resposta rápida devido à falta de investimentos provocadas pelas dificuldades financeiras vividas pelo setor.

De dezembro de 2002 ao mesmo mês deste ano, o preço do litro de etanol anidro caiu 11,7% em termos reais, utilizando a inflação do período medida pelo IGP-DI. A queda real do hidratado foi de 10%.

Nesse mesmo período, o consumidor pagou 20% pelo combustível, sempre em termos reais, enquanto o preço da gasolina caiu 26,8%.

No ano passado, foram fechadas 12 usinas e, neste ano, outras 9 deixarão de funcionar. Nos últimos anos, 83 pararam de moer cana -64 delas na região centro-sul.

A moagem total dessas usinas que interromperam a atividade nas regiões centro-sul e Norte e Nordeste somava 75,4 milhões de toneladas.

SAFRA REGULAR

Diferentemente do que se imaginava em meados do ano passado, a safra 2014/15 de cana-de-açúcar tem um desempenho regular, após as chuvas de novembro e dezembro.

Em janeiro, as chuvas estão abaixo da média histórica para o período, mas ainda são superiores às de igual mês de 2014, segundo Nastari.

A moagem de cana deverá ser de 570 milhões de toneladas na região centro-sul na safra que está prestes a se encerrar, na qual a produção de açúcar fica em 32 milhões de toneladas, e a de etanol, em 26,6 bilhões de litros, segundo a Datagro.

Em 2015, a demanda por etanol sobe devido ao aumento da mistura de álcool anidro à gasolina para 27%. Esse novo percentual deverá elevar o consumo em 860 milhões de litros por ano.

Já a taxa menor de ICMS sobre o combustível em Minas Gerais torna-o mais competitivo, permitindo uma elevação de 700 milhões de litros por ano. Bahia, Paraná e Distrito Federal também alterarão a alíquota de ICMS.

Nastari fez também a primeira estimativa da safra 2015/16. O país deverá moer 642 milhões de toneladas de cana, 584 milhões na região centro-sul. A produção nacional de açúcar será de 35,5 milhões de toneladas, enquanto a de etanol sobe para 29,1 bilhões de litros.


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