Folha de S. Paulo


Grãos reagem, e produtor dos EUA recebe mais

Quando tudo parecia indicar a continuidade de queda, o preço das commodities reagiu nos últimos dois meses no mercado externo.

Essa reação ocorre desde o início de outubro, quando a chuva atrapalhou a colheita no Meio-Oeste norte-americano e a seca atrasou o plantio na América do Sul.

Daniele Siqueira, analista da AgRural, diz que essa recuperação nas últimas semanas se deve a vários fatores. Um deles é que os preços haviam caído muito.

Os preços da Bolsa de Chicago reagiram também devido à maior presença dos fundos no mercado e à demanda firme, principalmente para a soja.

Editoria de arte/Folhapress

Daniele diz que o milho chegou a subir 20% na Bolsa de Chicago do início de outubro ao último dia 13.

O trigo teve uma reação menor, mas é um dos que mais preocupam devido ao intenso frio nas principais regiões produtoras.

Dois fatores são básicos para determinar os rumos dos preços das commodities nos próximos meses, de acordo com a analista.

Um deles é a demanda. Se ela continuar aquecida, os preços vão se manter firmes. Se perder ritmo, os fundos também poderão sair das commodities, provocando nova queda.

A China é decisiva nesse mercado, principalmente no de soja. As compras do país asiático foram elevadas, e a queda de margem no esmagamento da soja pode ser sinal de desaquecimento dos preços.

Outro fator importante, mas que o mercado ainda não está considerando muito, é a produção na América do Sul. A partir do início de 2015, esse cenário fica mais claro.

Os preços recebidos pelos produtores norte-americanos melhoraram nos últimos três meses. O trigo, ao registrar valor médio de US$ 5,96 por bushel neste mês, volta ao patamar de agosto, mas ainda é bem inferior aos US$ 6,85 de novembro de 2013.

O milho, cujo valor médio pago para o produtor norte-americano havia caído para US$ 3,48 por bushel em setembro, deve ficar em US$ 3,57 neste mês, segundo estimativas do Usda.

A soja também está em alta. O produtor deverá receber US$ 10,10 por bushel neste mês, acima dos US$ 9,97 recebidos no mês anterior, aponta o Usda.

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Forte pressão Os preços dos produtos agropecuários tiveram uma intensa aceleração no atacado neste mês. Os dados do IGP-M indicam que o item agropecuário subiu 2,98% no período, bem acima do 0,90% registrado em outubro.

O que sobe Os dados são da FGV, que apontou a carne bovina -que somou 6% de reajuste no mês- como uma das principais altas. A pressão no atacado veio também do milho, da soja e da batata.

O que cai Já tomate, leite "in natura" e café estiveram entre as baixas. Com a evolução de 2,98% neste mês, os produtos agropecuários acumulam evolução 3,1% nos últimos 12 meses, conforme a pesquisa de preços apurada pela FGV.

Pressão menor As exportações de petróleo e de derivados feitas pela Petrobras somaram US$ 12,2 bilhões nos dez primeiros meses deste ano, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), acima dos US$ 11,5 bilhões de igual período de 2013.

Importações Já os gastos da Petrobras com as importações caíram para US$ 32 bilhões neste ano, ante US$ 34 bilhões de janeiro a outubro de 2013.

Saldo Embora ainda elevado, o deficit da balança comercial da Petrobras foi menor neste ano. Até outubro, as importações superaram em US$ 19,8 bilhões as exportações, abaixo dos US$ 22,5 bilhões de deficit de igual período de 2013.


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