Folha de S. Paulo


Maior uso de defensivo afeta renda e ambiente

Nova pragas, mais aplicações. Esta tem sido a rotina da agricultura nos últimos anos. Em alguns casos mais dramáticos, principalmente no do algodão, as pulverizações já estão várias vezes acima da média normal.

Sem essas intervenções, os produtores chegam ao fim da safra sem nada para colher. Além da chegada de novas doenças e de ervas daninhas, os defensivos usados pelos produtores estão defasados e são mais agressivos à natureza devido à demora na liberação de novos produtos pelos órgãos do governo.

A situação preocupa o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Os efeitos desse cenário têm dois complicadores, diz: mais custos para o produtor e menor sustentabilidade na produção.

Quanto aos custos, eles ainda são suportados devido ao patamar atual de preços das commodities. Quando houver um equilíbrio entre oferta e demanda, no entanto, os preços vão recuar e o produtor vai começar a sentir no bolso esses custos.

Além disso, acrescenta Rodrigues, a necessidade de um número maior de aplicações de defensivos vai agredindo cada vez mais o ambiente.

O desafio é a adoção de novos pacotes tecnológicos, mais eficientes no combate às pragas e ervas daninhas, mas que também reduzam os custos dos produtores e não agridam o ambiente, aponta o ex-ministro.

Eduardo Daher, diretor-executivo da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal) diz que o faturamento do setor cresceu 32% no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período do ano passado.

Esse crescimento pode indicar um aumento no volume utilizado de defensivos nas lavouras brasileiras neste ano, principalmente com a chegada da lagarta Helicoverpa armigera.

O aumento, no entanto, não vem apenas do volume, mas também do alta do dólar e consequente aumento de preços dos produtos.

Um dado, no entanto, pode indicar para esse novo cenário de maior utilização de defensivos. Houve uma elevação nas vendas de inseticidas, o que aponta para um número maior de aplicações, principalmente devido à Helicoverpa.

*

Amarras Os resultados positivos da participação do Brasil no Mercosul já se esgotaram, principalmente no que se refere ao agronegócio. Esse o resultado de um debate ocorrido no último final semana promovido pelo Lide Agronegócios, em Campinas.

Sem ganhos Na avaliação de Vera Thorstensen, da FGV, o Brasil não ganha nada com as negociações em conjunto com os demais países desse bloco. Afinal, os Estados Unidos são os maiores parceiros comerciais do país e é este mercado que dever ser mirado.

Mega-acordos Há um isolamento do Brasil da lógica internacional e os mega-acordos podem atrapalhar as exportações brasileiras, principalmente devido às barreiras técnicas e fitossanitárias, segundo Vera.

Questão de ritmo Já Roberto Giannetti da Fonseca, da Fiesp, disse que o bloco já teve importância, mas o modelo de alianças regionais como essa não é mais o ideal para o pais. A economia brasileira está em outro ritmo.

Interesse agrícola Vídeo que valoriza agricultura atinge um milhão de visualizações em dois meses. O vídeo feito pela Basf é o terceiro da série da campanha "Um Planeta Faminto".

Acima O interesse pelo vídeo, chamado Agricultura, supera o dos dois anteriores. O objetivo dos vídeos, que estão no YouTube, é conscientizar a população sobre a importância do agricultor e da atividade para o país.

*

Boi gordo

Preço tem nova alta no mercado paulista

O preço do boi gordo voltou a subir nas praças paulistas. Segundo pesquisa da Informa Economics FNP, ontem, o valor do arroba subiu para R$ 109 no noroeste de São Paulo. A dificuldade de encontrar animais para o abate e as vendas aquecidas justificam as constantes altas no preço da carne.


Endereço da página: