Folha de S. Paulo


Agronegócio ganha espaço na balança, mas os preços preocupam

Mesmo em um cenário de queda no preço das commodities, o agronegócio continua ganhando espaço na balança comercial brasileira.

Os seis principais produtos da pauta exportadora do setor representaram 29% do total dos embarques feitos pelo Brasil no primeiro semestre deste ano. Soja e seus derivados, carne de frango, café, milho, carne bovina e açúcar geraram US$ 33,6 bilhões em receita de janeiro a junho.

No mesmo período do ano passado, o mesmo grupo exportou US$ 28,7 bilhões, o equivalente a 24% das exportações totais brasileiras.

A maior participação dos produtos agrícolas na balança comercial é explicada principalmente pela safra recorde de grãos -a receita com as vendas de soja avançou 16% neste ano, e a de milho, 415%.

Só em junho, foram exportadas 6,6 milhões de toneladas de soja, alta de 36% ante igual mês de 2012, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Também houve recuperação nas vendas de carne de frango (9%) e bovina (19%).

Mas o maior peso da agricultura na balança reflete também a menor relevância do petróleo nas exportações, além da estabilidade do minério e do fraco desempenho de produtos industrializados.

Nos primeiros seis meses deste ano, as exportações de petróleo caíram quase 50%, para US$ 5,3 bilhões.

Já o minério de ferro, que perdeu para a soja e derivados o posto de principal item da pauta exportadora, conseguiu manter a receita quase estável no primeiro semestre, perto dos US$ 15 bilhões. Juntos, soja em grão, farelo e óleo exportaram US$ 17,3 bilhões.

Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress

Preços em queda

A expectativa para a segunda metade do ano, no entanto, não é muito animadora.

Em junho, o preço médio de exportação do minério de ferro caiu 8,6% ante maio, devido ao menor apetite da China, o principal consumidor.

A divulgação de dados desfavoráveis sobre aquele país -ontem o índice oficial de atividade industrial caiu ao menor nível em quatro meses- reforça a expectativa de desaceleração da economia chinesa e, como consequência, da demanda por metais.

Já o consumo de alimentos, menos vulnerável ao comportamento da economia, continua crescendo.

As cotações, no entanto, têm respondido mais às condições de oferta. O açúcar e o café, por exemplo, caem 14% e 16% neste ano em Nova York, respectivamente, porque há excesso desses itens no mercado internacional.

O diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fábio Silveira, lembra que a quantidade exportada de café e açúcar deve aumentar no segundo semestre, devido ao avanço da colheita. Mas, com o aumento da oferta mundial a partir do Brasil, os preços devem cair ainda mais.

O volume embarcado de soja também deve continuar elevado até outubro, quando tem início a colheita nos EUA, que neste ano planta uma área recorde de grãos.

Mas, à medida que as lavouras se desenvolvam sem problemas, o preço da soja -uma das poucas commodities com valores ainda em alta neste ano- deve cair.

Além disso, a alta do dólar tende a conter as cotações das commodities, que são formadas na moeda americana. A depreciação do real, naturalmente, já garante maior rentabilidade ao produtor.

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Mandioca
Preço da está em alta no mercado interno

Os preços da mandioca estão subindo no mercado interno. Segundo pesquisa realizada pelo Cepea, os valores se mantêm aquecidos, mesmo em plena safra, porque o excesso de chuvas tem prejudicado a colheita em alguns Estados brasileiros como São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.


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