Folha de S. Paulo


Em Paulinho, europeus descobriram um novo tipo de meio-campista

Juan Medina/Reuters - 18/nov./2017
Soccer Football - La Liga Santander - Leganes vs FC Barcelona - Butarque Municipal Stadium, Leganes, Spain - November 18, 2017 Barcelona's Paulinho celebrates scoring their third goal REUTERS/Juan Medina ORG XMIT: AI
Paulinho celebra gol em jogo do Barcelona contra o Leganes

Recebi um convite inesperado, para fazer um comercial de uma marca de TV ao lado de Tite, que já é garoto-propaganda da empresa. Fiquei curioso para saber por que me escolheram, se Tite sabia, o que pensaria e qual o roteiro dos marqueteiros.

Recusei. Já imaginaram um comentarista, que elogia ou critica o técnico da seleção, aparecendo na TV, um milhão de vezes, ao lado dele? Seria antiético, e eu perderia a credibilidade. É ou não é!

A moça que me telefonou me perguntou se eu tinha alguma coisa contra o Tite. Ela não entendeu. Pelo contrário, tenho admiração pelo técnico e por seu comportamento, apesar de seus sermões. Não vejo também nada errado em ele fazer propagandas comerciais, desde que não haja conflito com seu cargo.

As perspectivas para o próximo ano são desanimadoras na política. Como escreveu Fernando Gabeira, homem livre, a única esperança para 2018 é que as coisas ruins sejam diferentes das ruins de 2017.

Ganhei ótimos livros. Um, com dedicatória e beijo do Gordo, "O Livro de Jô - Uma Autobiografia Desautorizada", escrito por ele e por Matinas Suzuki Jr., da Cia. das Letras. Tenho em minha casa uma coleção de miniaturas de personagens que admiro. Um deles é Jô Soares.

Sapiens - Uma Breve História Da Humanidade
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Estou terminando outro excelente livro, "Sapiens - Uma Breve História da Humanidade", escrito por Yuval Noah Harari, especialista em história mundial. Ele conta a extraordinária aventura humana, desde os primórdios até os computadores.

O autor diz que os humanos entendem cada vez mais a linguagem tecnológica, mas pergunta se a inteligência artificial vai compreender as contradições, os devaneios e os sonhos dos seres humanos.

Esse livro completa outro magistral, "Totem e Tabu", escrito por Freud, sobre o desenvolvimento da psicologia humana e como a repressão e a sublimação dos instintos (o homem paga um preço por isso) possibilitou a criação da civilização.

O futebol continua. No sábado (23), o Barcelona venceu o Real, por 3 a 0, em Madrid. Os europeus descobriram um novo tipo de meio-campista, Paulinho, mais atacante que armador. No meio-campo, ele desarma e toca para o lado, para não errar. Porém, em uma fração de segundos, chega à frente para fazer gols ou para chamar a atenção e abrir espaços para Messi e Suárez.

Enganei-me duas vezes sobre Paulinho. Achava um retrocesso ele ter sido convocado por Tite e não entendi sua contratação pelo Barcelona. Como o time catalão possui três excepcionais armadores (Busquets, Iniesta e Rakitic), não precisa de Paulinho para ser um organizador, pensador, e sim para se tornar um terceiro atacante, como ele faz na seleção. Mas falta ao time brasileiro um craque entre Casemiro e Paulinho.

Zidane pisou na bola ao escalar mais um volante no lugar do meia Isco ou de Bale. Evidentemente, não foi só por isso que o Real perdeu. O Barça brilhou, e a equipe de Madri, principalmente Cristiano Ronaldo e Benzema, passa por mau momento, uma das explicações para ganhar do Grêmio apenas por 1 a 0. Outro motivo foi a ótima atuação do sistema defensivo do time gaúcho.

Achar uma única explicação para as vitórias e as derrotas é uma obsessão dos pragmáticos, dos pensadores operatórios. O futebol tem muitos mistérios. Comentaristas costumam fazer ótimas análises sobre o que desconhecem.


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