Folha de S. Paulo


Empate em 0 a 0 contra a Inglaterra diminuiu a euforia com a seleção

Xinhua/Han Yan
Ossada suspeita de ser de João Leonardo da Silva Rocha, morto na ditadura militar, é exumada em Palmas do Monte Alto (BA)
Neymar durante amistoso do Brasil contra a Inglaterra, em Londres

Após o chocho empate do Brasil, em 0 a 0, contra a bastante desfalcada Inglaterra, tive duas impressões, que podem estar equivocadas.

A primeira, de que, se a Inglaterra, contra fortes seleções na Copa, mantiver a mesma organização defensiva e contar, do meio para frente, com seus principais jogadores, que não atuaram contra o Brasil, especialmente Dele Alli e Keane, pode fazer ótimo Mundial e até disputar o título, mesmo não sendo um dos favoritos, já que não há uma seleção tão superior.

A segunda impressão, que reforçou o que eu já pensava, é a de que o time brasileiro é excelente, um dos candidatos ao título mundial, mas não é nenhuma maravilha nem o grande favorito. Contra a Inglaterra, foi a primeira partida da seleção, com Tite, contra um europeu.

Falta um excepcional meio-campista, que jogue de uma intermediária à outra. Isso poderá ser um importante problema contra seleções mais fortes, como Alemanha, França e Espanha, que se destacam pelo domínio da bola e do jogo no meio-campo.

Penso ainda que, por variadas circunstâncias, se o Brasil tiver de escalar reservas, muito inferiores aos titulares, como Taison, Diego, Diego Souza e outros, terá dificuldades, ainda mais se Neymar não atuar.

A possibilidade maior é de que o Brasil fique em grupo fácil. Porém, há 40% de chance, segundo os matemáticos, de enfrentar, na primeira fase, Espanha ou Inglaterra. Deste mesmo grupo, poderão fazer parte Suécia e Nigéria, duas seleções médias.

Na Copa de 2002, a Argentina, que fez mais pontos nas eliminatórias que o atual time brasileiro, foi eliminada na primeira fase em grupo que tinha Inglaterra, Suécia e Nigéria. Não digo isso para alarmar, nem preocupar. É apenas para lembrar que futebol é perigoso.

SABER FAZER

Embora tenha elenco menor que os dos principais times brasileiros, a equipe titular do Corinthians está no mesmo nível individual de todos eles. Isso já se sabia desde o Paulista, quando o Corinthians foi campeão e venceu quase todos os clássicos.

Coletivamente, o Corinthians é melhor que os outros, por ter uma identidade de jogo, que se iniciou com Mano Menezes e Tite.

Carille aprendeu com seus mestres. Muitos profissionais, de todas as áreas, têm boas oportunidades e não aprendem, por achar que sabem tudo ou por falta de dedicação e/ou talento. Evidentemente, só poderemos avaliar com segurança o jovem técnico Carille após um bom tempo.

No segundo tempo do jogo contra o Fluminense e contra o Avaí, Carille escalou apenas um volante (Gabriel) e um meia ofensivo de cada lado (Jadson e Rodriguinho), que se alternavam na marcação. É a mesma estratégia de Guardiola no Manchester City. Se o time for campeão inglês e, sobretudo, campeão da Europa, Guardiola terá muitos seguidores. São os criativos e os ousados que mudam o mundo.

A estratégia habitual do Corinthians é a mesma da maioria dos times de todo o mundo, incluindo vários do Brasil. Não há segredo. São equipes que tentam ser compactas, que, quando perdem a bola, marcam com duas linhas de quatro e, quando a recuperam, tentam chegar ao outro gol com muitos jogadores, trocando passes e, às vezes, com contra-ataques em velocidade. A diferença está na qualidade dos jogadores e na execução.

Não basta saber. É preciso saber fazer.


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