Folha de S. Paulo


Coletivo e individual, em forma de passe e drible, se complementam

Rodrigo Garrido/Reuters
Ossada suspeita de ser de João Leonardo da Silva Rocha, morto na ditadura militar, é exumada em Palmas do Monte Alto (BA)
Éverton Ribeiro em jogo do Flamengo contra o Palestino, pela Copa Sul-Americana, em agosto

São óbvios, sensatos, racionais e futebolisticamente corretos os conceitos de que um bom jogo coletivo é essencial para o sucesso de uma equipe e que os jogadores atuam melhor quando estão amparados pelo conjunto e por boas estratégias dos treinadores.

Por outro lado, por causa do bem-vindo desenvolvimento da ciência esportiva, existe hoje um exagerado fascínio pelo coletivo, pelo jogo apoiado, expressão da moda, representado pelo passe, pelas triangulações e pelas recomposições rápidas da marcação.

Há também, muitas vezes, um desprezo pelo individual, pelo drible, pela improvisação, como se tivessem menor importância, fossem ultrapassados, quase uma irresponsabilidade.

Faltou ao Botafogo, na derrota para o Grêmio, mais talento individual, mais dribles, para engrandecer o ótimo jogo coletivo. Mesmo assim, o time recuperou o prestígio com seu torcedor e com o público brasileiro e da América do Sul.

Já o Grêmio, devido à saída de Pedro Rocha e às ausências de Maicon e, sobretudo, de Luan, teve o individual prejudicado, o que se refletiu no coletivo, com muitos erros de passe e poucas triangulações, além de excesso de jogadas aéreas.

O Grêmio ganhou por atuar em casa, no tranco e pelas limitações individuais do Botafogo. A forte corrente de apoio entre os jogadores do Grêmio ficou frágil com a ausência de Luan, o elo entre eles.

O Santos, que já tinha resultados melhores que o desempenho, teve uma atuação muito ruim contra o bom time do Barcelona, principalmente pela ausência de Lucas Lima. Os talentos individuais são fundamentais.

A cusparada de Bruno Henrique e a agressão de Rodriguinho, no jogo do Corinthians contra o Racing, foram vergonhosas, absurdas, nojentas, e os dois deveriam ser punidos com rigor.

Todos os treinadores têm dúvidas se escalam os melhores ou os que se adaptam melhor às estratégias. Muitas vezes exageram na preferência tática. Rueda conhece as virtudes de Éverton Ribeiro, mas gosta mais de ter dois pontas rápidos, abertos, que marcam e defendem, além de um meia de ligação pelo centro. Seria Éverton Ribeiro ou Diego.

Contra o Cruzeiro, Rueda não terá essa dúvida, pois Éverton não poderá atuar. Contra a Chapecoense, ele jogou bem, pela esquerda.

No Cruzeiro, Éverton atuava da direita para o centro, enquanto o meia Ricardo Goulart avançava, como um segundo atacante. Diego não tem essa característica. Mano Menezes tem hoje a mesma dúvida, já que Thiago Neves e Arrascaeta atuam pelo meio, próximos ao centroavante, e não costumam jogar pelos lados, com a função também de marcação.

Arrascaeta, um dos destaques da equipe, deve ficar no banco contra o Flamengo.

Neste domingo, contra o Corinthians, o São Paulo, por ter elenco modesto, não pode ter Cueva na reserva, ainda mais que não existe incompatibilidade tática entre ele e Hernanes. Os dois se completam. Hernanes é um meio-campista que vem mais de trás, que precisa de mais espaços, enquanto Cueva é meia mais avançado, para jogar em pequenos espaços e perto da área.

Enquanto o gol define o resultado e o passe representa o jogo coletivo, técnico, programado, o drible simboliza o talento individual, a improvisação, a transgressão e os efeitos especiais, que melhoram a eficiência e a beleza do espetáculo.


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