Folha de S. Paulo


Aonde tudo isso vai parar?

Francisco Seco/Associated Press
Real Madrid's Cristiano Ronaldo celebrates scoring his side's 2nd goal during a Champions League group H soccer match between Real Madrid and Apoel Nicosia at the Santiago Bernabeu stadium in Madrid, Spain, Wednesday, Sept. 13, 2017. (AP Photo/Francisco Seco)
Cristiano Ronaldo, assim como Messi, já marcou dois gols na Liga dos Campeões deste ano

Pela Liga dos Campeões, Neymar fez um gol -seriam dois, se Cavani o deixasse bater o pênalti-, e Messi e Cristiano Ronaldo fizeram dois cada um. Provavelmente, a cada semana, não será mais uma disputa de dois, para saber quem brilhou mais. Agora, são três. Neymar entrou no páreo.

É também provável que, ainda nesta temporada, o PSG atinja o nível dos maiores do mundo e que Neymar se torne, a partir da eleição do próximo ano, candidato habitual a melhor do planeta. O time francês tem boas possibilidades de suplantar os grandes ingleses, a Juventus, o Atlético de Madri e até o Bayern de Munique, por não terem um Neymar.

No meio de semana, o único dos grandes que ganhou de outro grande foi o Barcelona, contra a Juventus, embora o time italiano estivesse bem desfalcado. Na Europa, os principais times costumam golear os pequenos, mesmo fora de casa, o que pouco ocorre na América do Sul. Na Europa, todos os gramados são ótimos e existe um clima de mais cordialidade. Na América do Sul, o pau come, além de muitos gramados serem ruins e de os
times viajarem por distâncias muito maiores.

PSG, Real Madrid e Barcelona atuam, na maioria das vezes, com o mesmo sistema tático, com quatro defensores, três no meio e três na frente.

O Barcelona, contra a Juventus, mudou um pouco a maneira de jogar. O jovem estreante Dembélé, nervoso e errando demais, atuou pela direita e voltava para marcar ao lado dos três do meio-campo. Quando Jordi Alba atacava, o lateral-direito Semedo ficava atrás, formando um trio com Piqué e Umtiti. Antes, o terceiro atacante jogava pela esquerda (Neymar). Agora, atua pela direita, Dembélé.

É um privilégio ver, toda semana, três monstros (Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar). Os grandes talentos, no futebol e em qualquer atividade, possuem técnica, conhecimento e informações, mas o mais marcante de suas extraordinárias qualidades é a improvisação, fazer algo magistral e surpreendente.

É impossível comparar os grandes craques atuais com os maiores do passado, já que eles não terminaram suas carreiras e o futebol mudou muito. É difícil até comparar os atuais grandes craques, pois dependem da equipe. Cristiano Ronaldo vai ganhar, pela segunda vez seguida, o título de maior do mundo, por seu talento e porque o Real é o melhor time.

Comparar dá audiência e é irresistível. As enquetes, exageradas, ocupam grande parte dos programas esportivos. Em uma análise puramente técnica, fria, sem valorizar tanto os títulos individuais e coletivos, pois dependem das equipes, Messi seria o segundo melhor jogador da história? Neymar já seria o segundo maior da história do futebol brasileiro? Cristiano Ronaldo seria o maior finalizador de todos os tempos, superior até a Pelé, embora o Rei seja muito superior? Não tenho nenhuma das respostas.

As transformações do mundo são rápidas e assustadoras. Não dá para acompanhar. Sobrevivo. Já existe a inteligência artificial, superior à dos humanos, e celulares que falam, choram e riem. Será que, brevemente, surgirá um superatleta, mais completo fisicamente que Cristiano Ronaldo e com mais habilidade e improvisação que Messi e Neymar? Será que, no futuro, muitos vão questionar se Pelé é o melhor de todos os tempos?

Como disse a velhinha de um comercial na televisão, aonde tudo isso vai parar?


Endereço da página:

Links no texto: