Folha de S. Paulo


No Paris-Saint Germain, Neymar enfim será dono da bola e do time

No início do futebol, na China, há 2.000 anos, o craque do time deve ter colocado a bola debaixo do braço e dito: "Quero jogar pelo centro, onde a bola mais passa". Este é um dos motivos pelos quais quase todos os maiores craques da história atuavam pelo centro, no meio-campo ou no ataque, como Pelé, Maradona, Messi, Cristiano Ronaldo, Zidane, Cruyff, Gerson e outros. Garrincha foi uma das poucas exceções, um show à parte, na ponta direita.

Messi, no início, atuava de ponta direita. Com a ajuda de Guardiola, passou a jogar no centro do ataque, mais à frente, de onde voltava para receber a bola entre volantes e zagueiros. Depois, foi jogar da direita para o meio, quando se transformou em magistral armador e atacante. Cristiano Ronaldo só se tornou um supercraque artilheiro quando saiu da ponta para o centro, perto do gol.

O PSG, na prancheta, atua no mesmo sistema tático do Barcelona (4-3-3), com a grande diferença de que, no time francês, como na seleção brasileira, não há um meia de ligação pelo centro. No Barcelona, Messi sai da direita para o meio e passa a ser o centro das jogadas. Na França, Neymar, saindo da esquerda para o meio, será o Messi do PSG, o dono da bola e do time.

Neymar quer ser muito mais que o melhor do mundo. Vários jogadores inferiores a ele, como Luís Figo, Kaká, Weah e Cannavaro, ganharam o título. Neymar quer ser forte candidato habitual a melhor de todos, como Messi e Cristiano Ronaldo e se transformar, definitivamente, em um dos maiores da história.

SURPRESAS

Escrevi que as ótimas atuações de Paulinho na seleção são surpreendentes, porque, mesmo em seus melhores momentos no Corinthians, eu não achava que ele poderia ser titular do time brasileiro. Mais surpreendente ainda foi sua contratação pelo Barcelona, por enorme quantia, pois seu estilo de jogo não combina com o do time catalão. A maioria dos torcedores e jornalistas de Barcelona criticou demais o investimento, ainda mais que, na temporada passada, o clube gastou fortunas com vários jogadores reservas, fracos para o nível do time.

Já Philippe Coutinho, mesmo longe de ser um Neymar, se for contratado pelo Barcelona será uma surpresa se não der certo, por seu talento e por jogar na mesma posição de Neymar. Mas pode acontecer o contrário: Paulinho brilhar e Coutinho se apagar. O futebol adora contrariar a lógica e os comentaristas.

A imprevisibilidade no futebol não é também justificativa para diminuir o valor da ciência esportiva, para tantos opinarem sem preparo técnico, como se fossem sábios, e para os que têm e não têm conhecimento serem tratados da mesma forma.

COPA DO BRASIL

Nesta quarta, o Grêmio tem mais chance de vencer, mas o Cruzeiro tem jogado bem contra os principais times e atuado melhor do que mostram os resultados. Botafogo e Flamengo iniciam outra decisão. O Botafogo, assim como o Corinthians, dá aula de como se posicionar defensivamente ao perder a bola. A diferença é que o Corinthians, ao recuperá-la, tem muito mais qualidade.

O novo técnico do Flamengo, o colombiano Rueda, fez milhares de anotações no caderninho na derrota para o Atlético-MG. Deve ter ficado impressionado com a frágil defesa. Será que também vai ficar encantado com Márcio Araújo?


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