Folha de S. Paulo


Está tudo ótimo com a seleção, o que não significa que não haja dúvidas

Wallace Teixeira/Futura Press/Folhapress
Tite durante a convocação da seleção brasileira
Tite durante a convocação da seleção brasileira

A SELEÇÃO, com Tite, voltou a ser uma das favoritas ao título mundial. A equipe está pronta. As poucas dúvidas estão entre os reservas. Eu trocaria Rodrigo Caio, Giuliano e Taison por David Luiz, Arthur, do Grêmio, e Douglas Costa, embora o primeiro reserva de Neymar, pela esquerda, seja Philippe Coutinho, entrando Willian pela direita. Vanderlei está no mesmo nível dos três goleiros convocados.

Houve uma grande evolução coletiva e, consequentemente, individual. Além disso, muitos jogadores cresceram demais em seus clubes, independentemente de suas atuações na seleção, como Coutinho, Casemiro e Marquinhos. Daniel Alves, Marcelo e Thiago Silva continuam brilhantes. Surgiu Gabriel Jesus. A geração, que anos atrás não era boa para a tradição do futebol brasileiro, é hoje, merecidamente, bastante elogiada.

O sistema tático está definido, porém Tite pode criar umas poucas opções, caso necessário, como em vez de atuar com um trio no meio-campo (Casemiro, Paulinho e Renato Augusto), jogar com dois e mais um meia de ligação (Coutinho, entrando Willian, pela direita, ou Luan).

Se o técnico fosse um estrangeiro, provavelmente escalaria três zagueiros, mais Daniel Alves e Marcelo de alas, para aproveitá-los mais no apoio. Não sei se ficaria melhor. Certamente, os adversários vão bloquear os avanços e explorar os espaços nas costas dos dois laterais. Tentarão ainda cruzamentos pelo alto, de um lado a outro, para um grandalhão cabecear por cima do lateral que fizer a cobertura do zagueiro. O Barcelona sofreu muitos gols com jogadas pelo alto, contra os baixos Daniel Alves e Jordi Alba.

Está tudo muito bom, mas tenho algumas pulgas atrás da orelha. A seleção, com Tite, ainda não enfrentou as principais seleções europeias, como Alemanha, França e Espanha. São equipes que se destacam por possuir excelentes armadores, trocar muitos passes e ter o domínio da bola e do jogo. A característica principal do Brasil não é essa, são jogadas ofensivas, rápidas, para aproveitar a individualidade de meias e atacantes, sobretudo Neymar. Outra pulga atrás da orelha seria a falta que Neymar faria se não jogasse contra esses fortes rivais.

Como as ótimas atuações de Renato Augusto e de Paulinho têm sido surpreendentes, fico também com a pulga atrás da orelha sobre se os dois vão manter essa qualidade até a Copa. Paulinho se destaca pela chegada ao ataque e pelas finalizações corretas. Os dois merecem ser titulares, pelo que têm jogado e também porque não há outra boa opção. Arthur seria uma esperança.

Como sou um homem fascinado pela ciência esportiva e pelo acaso, pela lógica e pelo surpreendente, pelos fatos e pelo que está nas entrelinhas, o que ainda não é, mas que poderá ser, minha expectativa é de que o Brasil terá um ótimo time na Copa, para ganhar e encantar ou, pelo menos, para encantar, já que apenas um é campeão.

LIBERTADORES

Nem a calça cor de vinho e a posição de joelhos de Cuca nas cobranças de pênalti salvaram o Palmeiras. São pensamentos, atos mágicos, ilusórios, de que se a pessoa repetir uma rotina, conseguirá o que quer. Palmeiras e Atlético-MG jogaram um futebol ultrapassado, de afobação, de pressa e de excessivos cruzamentos para a área.


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