Folha de S. Paulo


Assim como Palmeiras, clubes gastam muito sem formar as melhores equipes

Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação
09.07.2017 O jogador Zé Roberto, da SE Palmeiras, disputa bola com o jogador Lucas Romero, do Cruzeiro EC, durante partida válida pela decima segunda rodada, do Campeonato Brasileiro, Série A, no Estadio Mineirao. Foto: Cesar Greco / Ag Palmeira ORG XMIT: (42472) Cruzeiro vs Palmeiras ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Palmeiras foi eliminado da Copa do Brasil após perder do Cruzeiro

A ausência, até o fim da Copa do Brasil de alguns jogadores recentemente contratados, caríssimos, por causa do regulamento, é uma tremenda burrice, contra a qualidade do espetáculo e contra o negócio futebol. Regras são essenciais, desde que sejam bem-feitas. O Brasil está repleto de corruptos, intolerantes, incompetentes e de Zé Regrinhas.

Domingo é dia de dois ótimos jogos pelo Brasileiro, Corinthians x Flamengo e Grêmio x Santos, quatro das principais equipes do campeonato. Será uma boa ocasião para analisar e comparar melhor os times.

A cada dia, estou mais convicto de que Renato Gaúcho, no longo tempo em que ficou sem trabalhar, estudou muito, diariamente, na praia, pela manhã, e que viu, pela tarde e à noite, um grande número de jogos pela televisão.

Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG, apontados como favoritos no início do Brasileiro, não estão entre os três primeiros colocados. Palmeiras e Atlético-MG estão fora da Copa do Brasil. O Flamengo, que já foi eliminado da Libertadores, se classificou após uma derrota por 4 a 2 para o Santos.

Enquanto Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG, por terem grandes elencos, mudam demais os times, a cada partida ou durante os jogos, prejudicando a formação do conjunto, como se tivessem obrigação de escalar todos os jogadores contratados, outros, como Grêmio, Corinthians, Botafogo e Cruzeiro, possuem times definidos, alternando alguns poucos atletas, o que mantém a força coletiva. Os elencos de Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG não são também tão bons quanto dizem.

Zé Ricardo é um jovem treinador, organizado, estudioso, metódico, sério, mas é ainda um técnico compartimentado, que não consegue juntar as peças, formar um todo. Poucos, no início de carreira, têm essa sabedoria. Conhecimento não é apenas informação. Ele parece ter gratidão por alguns jogadores, bastante criticados pelos torcedores, que o apoiaram no início do trabalho. Zé Ricardo deve evoluir com o tempo.

No Atlético-MG, a contratação de um jovem treinador, que nunca tinha dirigido uma equipe de Série A, para estrear em um jogo decisivo e fora de casa foi mais uma aventura do presidente do clube, que, no ano passado, dispensou Marcelo Oliveira, após o primeiro jogo da final da Copa do Brasil, contra o Grêmio. Foi errado e desrespeitoso com o técnico.

O Palmeiras gastou uma fortuna e continua sem bons laterais e centroavantes. Nunca imaginei que Willian faria falta. Borja continua triste, jogando com a cabeça baixa, perdido no tempo e no espaço. Para mostrar que quer reagir, briga com o árbitro e com os adversários, em vez de jogar bola.

A imprevisibilidade do futebol não é o único motivo para alguns clubes gastarem tanto, sem conseguir formar um ótimo time. De quem é a maior responsabilidade? Muitos jogadores não são indicados pelos técnicos, que costumam também ter pouco tempo para formar as equipes. Isso não apaga seus erros. Os diretores de futebol nunca foram atletas, o que não é uma condição obrigatória para fazer boas contratações, mas ajuda.

Empresários pressionam dirigentes e técnicos, desde as categorias de base, para colocar, nos clubes, seus clientes.

Isso é perigoso. Não se pode ignorar a desmedida ambição humana, ainda mais em um país em que a trambicagem virou rotina.


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