Folha de S. Paulo


A cada rodada ou semana o Brasileiro tem um novo herói

Igor Amorim/saopaulofc.net
Rogério Ceni no banco do estádio do Morumbi
Rogério Ceni no banco do estádio do Morumbi

Com exceção da Chapecoense e do Flamengo, que era um dos favoritos, todos os brasileiros continuam na Libertadores. Os rivais sul-americanos, na média, estão piores que nos anos anteriores. Por causa do aumento do número de clubes, isso ficou mais evidente. Na próxima fase, o nível técnico vai melhorar. Fora os brasileiros, o River Plate parece ser o mais forte.

Existe uma tendência entre os times brasileiros de ter, por um lado, um jogador com características de atacante e, do outro, um com características de armador. Isso começou com Tite, no Corinthians, com Malcom, pela esquerda, e Jadson, pela direita, mantido por Carille. O mesmo ocorre no Grêmio, com Ramiro, no Atlético-MG, com Elias, e no Cruzeiro, com Robinho, quando ele voltar, além de Philippe Coutinho, na seleção. O Flamengo, quando tiver Conca e Diego, certamente, vai usar Conca pela direita, e Diego, pelo centro.

Os armadores não se limitam a jogar pelo lado. Deslocam-se para o centro e tornam-se organizadores. O gol do Corinthians contra o Vitória foi belíssimo, após uma troca de passes, pelo meio, entre Jadson e Marquinhos Gabriel, que tinha entrado no lugar de Maicon. Terminou com a precisa finalização de Jô. Jadson, Rodriguinho e Jô formam um dos melhores trios ofensivos do país.

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No encontro entre treinadores, promovido pela CBF, Bielsa disse que o Brasil joga no 4-3-3. Tite, que estava presente, e todos os analistas falam que é no 4-1-4-1. Disseram ainda que Tite argumentou com Bielsa que era mais um 4-4-2, já que Philippe Coutinho vai da direita para o centro, para ser o quarto jogador do meio-campo, enquanto Neymar sai da esquerda para o meio, para formar dupla com Gabriel Jesus. Todos estão certos. Não faz nenhuma diferença.

O mais importante na seleção são as aproximações, as trocas de passes, as triangulações, a diminuição dos espaços entre os setores, a alternância entre a marcação mais recuada e a mais adiantada, a recuperação rápida da bola, as mudanças de posição e de função e vários outros detalhes. O Brasil, com Tite, não recuperou a essência de seu futebol, como falam. A seleção segue o modelo mundial de futebol moderno e eficiente.

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O Brasileiro deve ser ainda mais equilibrado. Mesmo as equipes sem estrelas vão tentar seguir o padrão do Botafogo, de muita marcação e contra-ataques. O time se iguala, com frequência, aos teoricamente melhores. Jair Ventura é o técnico que mais merece elogios. Com jogadores sem grande prestígio, conseguiu a classificação para a Libertadores e já passou para a próxima fase da competição

É incompreensível que um "ex-atleta em atividade", como Lugano, ainda atue no São Paulo e que o jovem promissor Luiz Araújo seja reserva. Ele une três virtudes importantes: habilidade, velocidade com a bola e boa finalização. Rogério Ceni tem grande chance de evoluir, porque é organizado, disciplinado e tem obsessão pelo conhecimento. Se for também bom observador, para ver o óbvio e o que não é óbvio, será um ótimo técnico.

Escrevi, no início do ano, que o São Paulo possuía duas ótimas promessas: Rogério Ceni e Luiz Araújo. Continuo acreditando nos dois.

A cada rodada ou semana do Brasileiro, tem um novo herói e um novo timaço. É a exaltação do momento, que pode ser um lance, um jogo ou até mesmo uma temporada.


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