Folha de S. Paulo


A ambição de querer ser sempre melhor é o ruído que move os craques

O futebol em todo o mundo vive, na média, um bom momento, com jogos emocionantes, boa qualidade técnica e tática e muita procura do gol. Foi o que vimos no clássico entre Santos e Palmeiras.

Nesta semana, conheceremos nos amistosos e nos jogos das Eliminatórias um pouco mais das principais seleções do mundo. A Copa está próxima. Dificilmente, haverá até o Mundial importantes mudanças na maneira de jogar e na qualidade individual das equipes.

Por que nunca houve em um Mundial uma grande surpresa, uma zebra na conquista do título, o que, de vez em quando, ocorre em outros torneios curtos espalhados pelo mundo com jogos mata-mata? Uma das razões seria a de que as grandes seleções vão para a Copa com muita seriedade e escalam os melhores jogadores. Esse argumento nem sempre é convincente, já que o tempo para treinamento é pequeno e, com frequência, alguns dos melhores atletas estão com problemas físicos ou ausentes.

Outro motivo, cada vez mais falado, seria o de que o futebol é um grande negócio, o que dificultaria bastante para uma pequena seleção ganhar o título. As teorias conspiratórias estão cada vez menos distantes da realidade. A corrupção é disseminada. No Brasil, mais ainda. Querem até legalizá-la.

É difícil também dizer se seria surpresa se algumas seleções ganhassem o título. Muitas que nunca venceram a Copa possuem boas equipes e jogadores de destaque no futebol mundial, como a Bélgica. Outras que já foram campeãs há muito tempo fracassam sistematicamente nos Mundiais, como a Inglaterra.

Se o Brasil mantiver o bom momento, o que é provável, quais seleções deveria mais temer na Copa? Alemanha, França e Espanha são as mais fortes equipes europeias. A Alemanha se enfraqueceu com as ausências de Lahm, Klose e Schweinsteiger. Se recuperar o bom futebol do último Mundial e por ter Messi, a Argentina pode ser o grande adversário.

Após o choro convulsivo, depois de perder o pênalti na final Copa América, e dizer que não jogaria mais pela seleção, Messi voltou atrás e está louco para brilhar na Copa, ser campeão, fazer um gol como o de Maradona em 1986 e se consagrar como o segundo maior jogador da história, depois de Pelé.

Cristiano Ronaldo, apesar de não ter que carregar o mesmo peso que Messi tem de ser campeão mundial por seu país, ainda mais que já ganhou o título da Eurocopa, vai também dar tudo para jogar melhor que Messi e, quem sabe, ser também campeão e melhor do mundo.

Neymar quer também ser a estrela, campeão e melhor do mundo, e não apenas um excepcional coadjuvante do Barça. No Brasil, com a responsabilidade de ser o grande protagonista, é um jogador ainda melhor.

Contestado antes da Copa de 1970, Pelé se preparou bastante fisicamente para ser campeão, o melhor de todos, para ninguém ter mais dúvidas de que era o eterno rei.

Apesar do prestígio que tem a Liga dos Campeões, a Copa ainda é o principal palco dos grandes craques. Em 2018, poderemos ver os três maiores –Messi, Ronaldo e Neymar– no esplendor de seus talentos. Ao contrário dos bons jogadores que se acham craques, que dizem não precisar provar nada, os supercraques querem sempre provar que são os mais espetaculares e os melhores. A ambição é o ruído que move os campeões.


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