Folha de S. Paulo


Os centroavantes, típicos ou não, são referências espaciais para os jogadores

Robson Ventura/Folhapress
Borja comemora seu gol marcado na vitória do Palmeiras sobre a Ferroviária
Borja comemora seu gol marcado na vitória do Palmeiras sobre a Ferroviária

De tempos em tempos, alguém decreta o fim dos centroavantes. Parreira, certa vez, falou que o futuro era o 4-6-0, sem centroavante. Independentemente das características, continuam importantes e decisivos.

Melhor ainda que um centroavante artilheiro é ter um time que não dependa apenas de seus gols. Melhor ainda é o centroavante que não precise fazer gols para jogar bem. Melhor ainda é o centroavante que se movimente bastante, que dê passes decisivos e participe do jogo coletivo. Melhor ainda é que ele, além de artilheiro, reúna características de pivô, distribuidor de bola, e de atacante, que penetre para receber a bola na frente.

Os grandes centroavantes são os que, além de fazer muitos gols, reúnem todas essas qualidades, como Romário, Ronaldo, Ibrahimovic, Suárez e outros. São os craques artilheiros. Jogam com a metade do corpo virada para o companheiro do passe e a outra metade virada para o posicionamento dos defensores. Partem no momento certo, nem uma fração de segundo a mais ou a menos, para receber a bola entre ou nas costas dos zagueiros.

Os centroavantes que só jogam bem quando fazem gols adoram o confronto físico, procuram o zagueiro para trombar, empurrar e finalizar. Já os craques centroavantes anteveem a chegada da bola, se deslocam uns dois metros para recebê-la livre e colocá-la no canto do gol.

Existem vários bons centroavantes nos times brasileiros, como Fred, Pratto, Guerrero, Borja, Ricardo Oliveira e outros. Além de bons, aproveitam a fraqueza dos adversários nos estaduais para fazer muitos gols. Borja gosta de receber a bola à frente, para aproveitar a velocidade e o talento de artilheiro. Fred é o mais fixo, porém, o que possui melhor técnica para finalizar e para atuar em pequenos espaços. Pratto se movimenta mais e gosta de sair da área para trocar passes. Guerrero tenta fazer o mesmo, mas erra muito. É ótimo nas finalizações e nos passes curtos, em pequenos espaços.

Ronny Santos/Folhapress
Pratto comemora gol marcado na vitória do São Paulo sobre o São Bento
Pratto comemora gol marcado na vitória do São Paulo sobre o São Bento

Na seleção, Gabriel Jesus se destaca mais pela rapidez dos movimentos e de raciocínio. Chega sempre primeiro. Cuca, seguido por Tite e Guardiola, percebeu que seu melhor lugar é pelo centro e próximo ao gol. Já Firmino, provável substituto de Gabriel Jesus, gosta de sair da área para trocar passes e abrir espaços para alguém penetrar.

Muitos centroavantes ficam isolados, porque os meias pelos lados se limitam a jogar muito abertos, e o meia de ligação fica distante. Por isso, alguns treinadores preferem ter uma dupla de atacantes próximos à área. A armação é feita por um ou pelos dois meias pelos lados, que, alternadamente, se deslocam para o centro, ou por um meio-campista (segundo volante), que avança pelo meio.

Não existe falso centroavante. Os meias que jogam mais adiantados pelo centro são também centroavantes, com outras características. O meia Rafael Sóbis, no Cruzeiro, é o centroavante da equipe. Ter vários jogadores que fazem gols é uma das virtudes do time mineiro. Centroavante não é apenas um poste fixo, só para finalizar.

Os centroavantes, típicos ou não, não vão desaparecer. Além de artilheiros, são referências espaciais, facilitadores aos que chegam de trás. Sem o centroavante, é um trabalho de Sísifo, uma eterna busca e um eterno recomeço por algo impossível.


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