Folha de S. Paulo


Nem sempre existe correlação entre os resultados e a capacidade dos técnicos

Gilvan de Souza/Flamengo
Luxemburgo, Treino Flamengo luxemburgo (Gilvan-de-souza/Flamengo) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***Restrição:***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM*** FOTO DE TERCEIROS FOTO DE TERCEIROS
Luxemburgo na época em que treinava o Flamengo

Luxemburgo disse no SporTV que os resultados na China são manipulados. Felipão ficou indignado. Falou que são desculpas absurdas do técnico pelo seu fracasso. Os dois estão entre os técnicos brasileiros mais elogiados e criticados nos últimos tempos.

Todos os treinadores têm altos e baixos em suas carreiras. Geninho foi campeão brasileiro pelo Atlético-PR em 2001 e, depois, desapareceu da Série A. Tite era o treinador do Atlético-MG, rebaixado para a segunda divisão em 2005, depois de conquistar, brilhantemente, o título da Copa do Brasil de 2001, pelo Grêmio.

Como há dezenas de fatores envolvidos no resultado de um jogo, de um campeonato e na carreira de um treinador, principalmente a qualidade dos jogadores, nem sempre existe uma correlação entre os resultados e a capacidade dos técnicos. Obviamente, os mais bem preparados têm mais chance de sucesso.

Será que Luxemburgo era tão excepcional como falam no período em que ganhou vários títulos? Será que seus últimos fracassos são, principalmente, decorrentes de sua falta de dedicação e de atualização, como tanto dizem?

Treinadores, mesmo fazendo as mesmas coisas e usando os mesmo conceitos, são badalados nas vitórias e massacrados nas derrotas. Os técnicos reclamam que os comentaristas não assistem aos treinos e que, por isso, não tem condição de analisar bem o trabalho. Mas podemos ver os jogos, o que é o mais importante.

Sempre que um técnico passa a ter uma sequência de vitórias, falam que ele estudou muito e que se atualizou. O inverso ocorre na sequência de derrotas. Nem sempre é assim. Após um longo período em que os treinadores ficavam bravos quando eram chamados de defasados em relação aos treinadores europeus, agora, gostam de se vangloriar e de divulgar os cursos feitos na Europa, mesmo que sejam em passeio de férias, entre uma selfie e outra.

Obviamente, existem evidências, fatos, que mostram como muitos técnicos se preparam com seriedade para se tornarem muito melhores. Tite é um deles.

Em pouco tempo, a seleção, com Tite, parece jogar junta há muito tempo. Neymar e Gabriel Jesus se entendem pelo olhar e pelos movimentos do corpo. Isso, às vezes, ocorre naturalmente. Com a ajuda do técnico, fica mais fácil. Aumentou a esperança de que o Brasil tenha um excepcional centroavante nos próximos anos.

Mesmo sendo Tite muito mais preparado e arejado que Dunga, dentro e fora de campo, as boas atuações da seleção não seriam também decorrentes da chegada de um novo técnico, de um encanto passageiro? Após a Copa das Confederações, havia um enorme otimismo com a seleção e com Felipão. O time brasileiro, no início das duas passagens de Dunga, ganhou e atou bem em inúmeras partidas seguidas.

Neymar está cada dia mais espetacular. Falta apenas ele ficar menos irritado com as duras faltas. Estará fora do jogo contra a Venezuela, por suspensão, o que poderá se repetir em partidas difíceis e decisivas. Neymar e Messi fazem uma tremenda falta às suas seleções, a principal razão dos vários resultados ruins da Argentina nas eliminatórias. Isso não impede que Brasil e Argentina façam uma ou outra ótima partida sem os dois craques.

Jogar sem Messi e Neymar seria como cortar parte da asa de um pássaro e colocá-lo para voar.


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