Folha de S. Paulo


É o máximo ou não é nada

Após a partida entre Corinthians e Audax, escutei duas perguntas aos treinadores, totalmente fora de lugar e da realidade. Uma a Tite, se ele temia uma "caça às bruxas". Parecia até que o Corinthians vinha de inúmeros fracassos. Não podemos esquecer que o time ficou 11 pontos à frente do Audax, na primeira fase do Paulista. A outra pergunta, a feita ao promissor, criativo e ousado Fernando Diniz, se ele já tinha deixado um legado para o futebol. Parecia que Fernando Diniz já era um Guardiola.

O Audax e Fernando Diniz merecem elogios pelo futebol eficiente e bonito. Mas sem exagero. É apenas um Estadual. Se tivesse perdido nos pênaltis ou se os dois jogadores não tivessem acertado dois chutes espetaculares, raros, todas as virtudes do Audax seriam esquecidas. Por detalhes, é o máximo ou não é nada.

Botafogo e América-MG, merecidamente, estão nas finais dos Estaduais, mesmo com times individualmente inferiores aos adversários das semifinais. O Juventude passou também pelo forte Grêmio. O Vasco não tem jogadores tão badalados quanto os do Flamengo. Botafogo e América-MG formaram novas equipes neste ano. O tempo ajuda na formação de um bom conjunto, mas a falta de tempo não pode ser desculpa para todos os fracassos.

Quatro brasileiros disputam o título da Libertadores e os quatro podem ser eliminados após os dois próximos jogos. Há um equilíbrio entre os quatro e entre eles e a maioria dos rivais sul-americanos. Pequenas superioridades técnicas são insignificantes em jogos mata-mata. Quem joga em casa tem mais possibilidade de vitória.

Atlético-MG, fora, e Grêmio, em casa, têm partidas difíceis contra os argentinos Racing e Rosario Central. O azar do Grêmio foi o vírus da caxumba ter pegado logo o excelente zagueiro Geromel.

Após os reservas do Corinthians golearem o Cobresal e os titulares serem eliminados pelo Audax, ficou mais evidente, o que eu achava desde antes das partidas, que, fora Cássio, Elias e Fagner, o time possui dois jogadores razoáveis ou, no máximo, bons, do mesmo nível, nas outras posições. Fora Ganso e Calleri, o mesmo ocorre no São Paulo e em vários times brasileiros e sul-americanos.

A decisão de Bauza de barrar Ganso contra o Strongest despertou opiniões opostas. Muitos, após o resultado, elogiaram o técnico pela coragem e por acreditar na ideia de que precisava reforçar a marcação e que, para isso, Ganso teria de sair. Outros acharam absurda a conduta do treinador e que o São Paulo só não foi eliminado por causa da ruindade do Strongest. Se o São Paulo tivesse perdido, o técnico seria massacrado e dispensado.

Penso, sem ter nenhuma certeza, que, com Ganso, o São Paulo se classificaria com menos sofrimento. Nos poucos minutos em que jogou, Ganso mostrou uma enorme superioridade técnica sobre todos os outros jogadores. Além disso, há muito tempo, ele se movimenta mais e participa mais da marcação. Joga tão bem quanto na época do Santos. A diferença é que o Santos brilhava, tinha Neymar, e os passes de Ganso, geralmente, se transformavam em gols.

Se o São Paulo repetir a ótima atuação coletiva que teve contra o River Plate, tem grandes chances de vencer o Toluca e, depois, decidir, na altitude do México, com Ganso.


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