Folha de S. Paulo


O tempo e a idade são relativos

A colocação dos times no Brasileirão reflete, principalmente, a qualidade dos elencos, além da eficiência dos treinadores, do tempo que tiveram para formar o time e definir a maneira de jogar, dos acertos e erros nas contratações e de tantos outros fatores incontroláveis.

O Corinthians possui grande chance de ser campeão porque, além de várias virtudes, tem três jogadores na seleção e mais dois (Cássio e Jadson), que estão no nível dos que foram chamados por Dunga. O Atlético-MG não tem nenhum na seleção principal, porém possui bons jogadores em todas as posições, assim como alguns tão bons quanto os do time brasileiro, como Victor, Rafael Carioca, Marcos Rocha e Pratto.

O Grêmio tem raras chances de ser campeão porque possui um elenco muito inferior aos do Corinthians e do Atlético-MG, embora tenha muitos bons jogadores. A maior força da equipe é o coletivo. Falta um ótimo atacante para complementar a troca de passes e as triangulações feitas por Maicon, Wallace, Douglas, Luan e Giuliano.

O Grêmio é um representante do futebol moderno, na maneira de jogar. Já o Inter, dirigido por Argel, um jovem com ideias antigas, parecia, contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil, com tantos chutões e raras trocas de passe, um símbolo do futebol ultrapassado, que se jogou no Brasil durante anos e que, recentemente, começou a mudar, graças aos novos conceitos de jovens e de vários experientes treinadores.

O Palmeiras possui um bom elenco, mas não tem um time com jogadores tão bons quanto os do Corinthians e do Atlético-MG.

Se Osorio sair do São Paulo, será ruim para nosso futebol, pela franqueza, seriedade profissional, conhecimentos e por gerar um debate de ideias. Contra o Vasco, o São Paulo, com todos os seus titulares e nos lugares certos, com exceção de Breno, voltou a jogar bem.

Em outra coluna, escrevi que existe uma excessiva tolerância com o técnico Osorio, por causa do sentimento de inferioridade, de que os estrangeiros são sempre melhores, e pela carência que temos por um treinador diferente. Poderia ocorrer também o contrário, o de excessiva intolerância, por corporativismo e pelo receio de que ele fosse realmente superior. Os sentimentos humanos são contraditórios.

Ouço, com frequência, que o Brasil possui hoje grandes goleiros. Não é tanto assim. São muito bons, mas não temos um Neuer, um Courtois, assim como não temos um Kroos e um Iniesta no meio campo, um Suárez e um Benzema como centroavante, um atacante pelo lado como Robben. Precisamos formar jogadores excepcionais. Neymar é exceção. Douglas Costa tem jogado muito bem no Bayern, pode evoluir e, quem sabe, se tornar quase um Robben. Já dizer que Douglas Costa poderá ser, em 2018, tão importante quanto Neymar é brincadeira, como diria Gerson.

Comentaristas bonzinhos adoram pedir a convocação de jogadores que atuam no Brasil. Ricardo Oliveira foi chamado. Pode ser uma boa opção. Seria melhor Pato? Não sei. Alguns queriam os dois. Sinto-me inseguro para avaliar os atacantes que se destacam no Brasil, por causa da má qualidade da maioria dos defensores.


Endereço da página:

Links no texto: