Folha de S. Paulo


Cultura do futebol

Este seria o momento para os clubes se unirem e criarem uma liga para administrar o futebol. Isso não vai acontecer. A maioria é comprometida com a estrutura.

Treinadores, dirigentes, jogadores, torcedores e parte da imprensa repetem, com frequência, o lugar-comum de que a excessiva troca de treinadores faz parte da cultura esportiva, de que é assim que funciona e ponto final. É uma postura medíocre. Mais que isso, acreditam que vitórias, derrotas e atuações das equipes são sempre decorrentes das condutas dos treinadores.

Os treinadores reclamam que ficam pouco tempo em um clube, mas também gostam da situação, que os mantém supervalorizados, como se fossem os supertécnicos.

Outro hábito, que se perpetua e mediocriza nosso futebol, é o de criar conceitos, heróis e vilões, o de exaltar jogadores e equipes por um bom momento. Tudo muda em uma semana. Na ânsia de promover o espetáculo, fazer bons negócios e aumentar a audiência, perdem o senso crítico.

Outro chavão é dizer que os sul-americanos têm "sangue quente" e que, por isso, o jogo é mais violento.

Esse é um dos motivos importantes da queda técnica do futebol. É ótima a intenção da comissão de arbitragem, de marcar apenas faltas claras e de dar cartões aos reclamões. Com isso, aumentou bastante a média de tempo de bola rolando das partidas.

Por outro lado, os árbitros precisam ter bom senso e conhecimento para não cometer graves erros.

Outra "cultura" do futebol brasileiro é divulgar vídeos de palestras dos técnicos e dos capitães antes das partidas, mas só as dos vencedores. Como disse Arthur Dapieve, no "Redação Sportv", também queria ver as palestras otimistas de Felipão e de David Luiz, os gritos de união antes dos 7 a 1.

Mais um lugar-comum no Brasil é o de usar as mesmas explicações técnicas e táticas para situações diferentes e de tentar explicar tudo, mesmo o que não tem explicação.

Ainda bem que existem pessoas inteligentes, competentes e sérias, como Ceni, ao dizer que joga até hoje e que vai continuar até dezembro por seu esforço, qualidades técnicas, desejo do técnico, e não para jantar com torcedores e vender pacotes de sócio-torcedor, como queria o marketing do São Paulo. Justificou ainda que não tem tido tempo nem para jantar com os filhos.

BARÇA CAMPEÃO

Jogaço. Venceu o melhor. A maior força do Barça está no trio ofensivo, e a da Juventus, na capacidade de seus meio-campistas (Vidal, Marchisio e Pogba) de defender, apoiar e atacar, além do talento de Pirlo na distribuição de jogadas.

Apesar de não terem sido magistrais nessa partida, penso que, mesmo se não for campeão do mundo pela Argentina e se não fizer um gol tão espetacular quanto o de Maradona, na Copa de 1986, Messi é o vice-rei, o segundo maior de todos os tempos, e que Neymar ainda não é, mas vai se tornar o segundo maior da história do futebol brasileiro.


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