Folha de S. Paulo


Craque sem ter sido

Hoje, o Brasil de Pelotas recebe o Flamengo, pela Copa do Brasil. O centroavante Marcelo Cirino me lembra Dario, Dadá Maravilha, pela altura, velocidade e pernas compridas. Falta a ele, entre outras coisas, diante do goleiro, o toque sutil no canto, como Dario gosta de dizer. Marcelo precisa também aprender com Dario a se posicionar com o corpo virado para o gol, com um olho no companheiro do passe e outro nos movimentos do zagueiro, para receber a bola nas costas dos defensores.

O Cruzeiro estreia na Libertadores. O time não tem a qualidade do ano passado, mas há esperanças de que, durante a competição, evolua e se torne também candidato ao título. Parabéns ao Cruzeiro pela coragem de contratar Paulo André. Temia-se que ninguém o contratasse, por influência da CBF e de dirigentes. Paulo André é líder do Bom Senso F. C. e um crítico, com amplos conhecimentos, da desorganização do futebol brasileiro. Além disso, é um bom zagueiro.

O Atlético, como nas duas Libertadores anteriores, mesmo na que venceu, não foi bem fora de casa. Há uma dependência afetiva de sua torcida. Além disso, Pratto, Douglas Santos e Marcos Rocha fazem muita falta. Os três também não jogam hoje.

O Corinthians folga hoje na Libertadores. Após a vitória sobre o São Paulo, os apressados, a turma do oba-oba e os que pensam mais na audiência já elegeram o Corinthians como o grande favorito. Ainda é muito cedo. Fábio Santos e Jadson farão falta. Já falam que o time é melhor sem Guerrero. Essa visão imediatista e de excessiva valorização de um ou de poucos resultados tem a ver também com o 7 a 1.

Tite, ótimo treinador, em seu ano de estudos, certamente incorporou detalhes a seus conhecimentos. Será ainda melhor. Mas dizer que ele trouxe novas e revolucionárias ideias é não ter senso crítico. O futebol evoluiu nos últimos dez anos, mas não houve mudanças nos dois últimos. A estratégia atual do Corinthians é usada há muitos anos pelas grandes equipes e foi utilizada na conquista do Mundial de Clubes. Elias marca e avança como um meia, um atacante, como fazia Paulinho. Podem chamar de 4-2-3-1 ou de 4-1-4-1, a nova moda. Não faz nenhuma diferença.

O Inter, que joga amanhã, pela Libertadores, continua indefinido. Como nos outros anos, falam que o elenco é muito bom, mas que falta conjunto. Não é bem assim. Jogadores, como Nilmar, Anderson e Alex, são tratados como craques, sem nunca terem sido. Ganham como craques. O mesmo ocorre em várias equipes brasileiras.

O São Paulo precisa vencer hoje. O elenco é melhor que o do Inter, mas ocorre algo parecido, como se fosse um time de craques. Luis Fabiano ainda é um bom centroavante, mas não é mais o jogador que foi. Pato teve alguns momentos brilhantes na carreira, porém, é outro craque sem ter sido. Nunca entendi tantos elogios a Kardec, ainda mais quando ele joga recuado.

Continua a indefinição sobre o tamanho do talento de Ganso. Oscilam as críticas e os elogios. Seu jogo está aí. Não há nada de oculto nem de mistério. Nós é que temos de aprender a ver. A dificuldade é de quem avalia, não dele.


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