Folha de S. Paulo


As novas estrelas

É fundamental a presença, nos clubes, de bons diretores-executivos. Mas dizer que Alexandre Mattos, excelente profissional, é o principal responsável pela formação do elenco e pela conquista do bicampeonato e que seria o salvador do Palmeiras é um exagero, uma distorção. É a repetição da supervalorização que os treinadores tiveram, décadas atrás, que dura até hoje, quando os resultados e as análises das partidas passaram a ser feitas a partir da conduta dos técnicos. Isso fez mal ao futebol. Os novos diretores-executivos são contratados como se fossem estrelas e já ganham mais que os grandes executivos das maiores multinacionais.

Ganso ainda não achou seu melhor lugar. Antes, atuava em um pequeno espaço, na intermediária do outro time, esperando a bola no pé.

Com Muricy, joga da direita para o centro e participa da marcação. Evoluiu taticamente, embora faça um grande esforço para marcar o lateral, pois não tem velocidade para atuar pelos lados. Deveria jogar mais centralizado, como disse Rogério Ceni, porém, em um espaço maior, como um terceiro jogador de meio-campo.

Uma das estratégias mais difíceis de fazer em campo, mas, quando bem feita, traz ótimos resultados, é a de jogar com zagueiros adiantados, pois diminui os espaços entre os setores. Grandes equipes fazem isso, principalmente o Bayern e a seleção alemã, com o goleiro Neuer na cobertura dos zagueiros.

O Fluminense tentou fazer o mesmo no Brasileirão, e foi um desastre. Os adversários, com frequência, entravam livres, diante de Cavalieri. Os defensores do Flu são lentos e fracos, a movimentação não era bem feita, e os zagueiros brasileiros se acostumaram, há décadas, a jogar encostados à grande área. O técnico Cristóvão Borges deveria insistir, mas com zagueiros melhores. É assim que se mudam as coisas.

Hoje, veremos vários craques no clássico entre Barcelona e Paris Saint-Germain. Porém, os dois melhores times do mundo são Real Madrid e Bayern.

O Real, com Cristiano Ronaldo, Bale e Benzema, e o Barcelona, com Messi, Neymar e Suárez, possuem espetaculares trios de ataque. A diferença a favor do Real está daí para trás. Quando perde a bola, o Real marca com quatro no meio-campo (os três armadores, mais Bale), enquanto o Barcelona está, com frequência, desprotegido. Essa é a vantagem de se ter um excepcional e experiente técnico, como Ancelotti.

O Barcelona, para jogar com três à frente, que voltam pouco para marcar, mais um lateral direito, Daniel Alves, que avança e deixa muitos espaços nas costas, além de dois armadores que apoiam mais do que desarmam, teria que fazer uma ótima marcação por pressão, sem deixar o adversário ficar muito com a bola, como acontecia nos melhores momentos de Guardiola. O Bayern faz isso muito bem.


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