Folha de S. Paulo


Chorar é bom

Há um consenso, mesmo entre os que não entendem de futebol, que a seleção brasileira não tem meio-campo. Tem, mas só para marcar. Se o Brasil for campeão, a turma do oba-oba vai dizer que é uma estratégia revolucionária de Felipão. Não há meio-campo porque, além de faltar um excepcional armador, Luiz Gustavo joga próximo aos zagueiros, Neymar próximo a Fred e Oscar e Hulk encostados à lateral. Sobra Fernandinho (ou qualquer outro) isolado, como um Robson Crusoé, olhando para o alto, para ver a bola passar.

Poderia ser melhor com três no meio-campo e três na frente. Hulk foi o melhor atacante contra o Chile. Ele não pode sair.

Como era esperado, a onda é dizer que o problema maior da seleção é emocional, que os jogadores não suportam a pressão e que choram demais, como se o choro fosse incompatível com a razão e a lucidez. Penso o contrário. O que salva a seleção é o envolvimento emocional dos jogadores, empurrados pela torcida e pela pressão de jogar em casa. Evidentemente, em algum momento, acontece uma exagerada reação emocional. É inevitável. Aí, tem de entrar Felipão, com a ajuda da psicóloga.

Vem aí a Colômbia. Parece que James Rodríguez é o Pelé ou o Messi ou o Cristiano Ronaldo ou o Neymar ou o Robben. Eu o vi jogar, várias vezes, pelo Porto, pelo Monaco e pela seleção colombiana. Ele atuou bem, é muito habilidoso, criativo, uma promessa de craque. Na Copa, tem brilhado em lances isolados. Na maior parte do jogo, aparece pouco. Ainda é cedo para avaliar seu talento.

Já Cuadrado, uma mistura de volante, meia e atacante, joga bem durante todas as partidas. Como James Rodríguez atua pelo centro, da intermediária para o gol, não será tão difícil marcá-lo. Quem mais me preocupa é Cuadrado. Contra o Brasil, no último amistoso, ele fez um gol e infernizou pela direita.


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