Folha de S. Paulo


Investidor-anjo e crise

Esta semana aconteceu, na FGV, o Congresso de Investimento Anjo, organizado pela Anjos do Brasil, uma entidade que congrega investidores-anjo, pessoas que investem dinheiro em negócios em troca de um percentual da propriedade da empresa.

Neste evento, o prof. Gilberto Sarfati apresentou uma pesquisa realizada com 56 investidores-anjo que tivessem aportado recursos em ao menos um empreendimento no período 2003-2015. A ideia da pesquisa era saber até que ponto o aumento da percepção de risco do investidor, gerado pela nossa recente crise, afetava seu investimento.

Os 56 respondentes da pesquisa tinham uma média de idade de 44 anos, dez a menos do que o investidor-anjo americano. As profissões variavam entre executivos, empreendedores e profissionais liberais. São predominantemente (80%) homens.

Os resultados revelam que 54% dos entrevistados pretendem aumentar ou manter o investimento-anjo no período de crise em que estamos vivendo porque muitos acreditam que, em tempos mais críticos, os empreendedores "caem na real" e evitam pedir valores absurdos para seus negócios, aceitando avaliações mais conservadoras.

Outra conclusão do estudo é que executivos são menos avessos aos riscos do que empreendedores ou profissionais liberais, o que pode ser explicado pelo fato daqueles contarem com uma renda que varia menos em função da crise.

É importante que o governo favoreça políticas públicas em prol do financiamento de empreendedores, especialmente para aqueles que possuem alta escala. Aliás, o conceito de escala é importante para garantir a atração de investidores. Você consegue economia de escala quando, ao aumentar o volume de produção, o custo de cada unidade produzida cai.

Os softwares são exemplos de produtos muito escaláveis: você gasta um bom dinheiro para produzir um, mas uma vez que ele está funcionando bem, você consegue distribuí-lo no mundo inteiro a um custo bem baixo, pois basta que o consumidor pague determinada quantia e faça o download.

Outro ponto atraente é o tamanho e crescimento do mercado a ser investido. E você, já pensou em se tornar um investidor-anjo?


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