Folha de S. Paulo


Cães reduzem a dor em crianças

Eles deixaram os jardins e ganharam o sofá da sala. Ficam no pé no café da manhã, esperam na porta ao final do dia, esquentam o colo nas tardes frias de domingo. Não há dúvida, é um prazer tê-los por perto. E esse prazer está na mira da ciência.

Não é de hoje que pesquisadores tentam entender o impacto da convivência com animais de companhia na saúde humana. E, a cada ano, surgem mais evidências de que essa relação exerça efeito terapêutico.

A mais recente contribuição vem de um grupo da Itália e foi publicada na edição de junho da revista científica "Plos One". Os italianos estudaram as alterações orgânicas provocadas pela terapia assistida por animais em crianças que haviam acabado de ser submetidas a uma cirurgia.

Quarenta jovens entre três e 17 anos foram separados em dois grupos. Duas horas depois da operação, 20 deles receberam a visita de um golden retriever e puderam interagir com o cão durante 20 minutos, tendo vários parâmetros aferidos durante e logo após a sessão.

Os resultados mais significativos dizem respeito ao cérebro e à dor.

O acompanhamento da atividade cerebral desses pacientes evidenciou que aqueles que interagiram com o cão recobraram muito mais rapidamente a atenção e a atividade, exibindo em poucas horas um padrão que pode levar dias para reaparecer.

O protocolo analgésico também foi o mesmo para ambos os grupos, mas a percepção de dor variou.

Os pesquisadores mostraram às crianças seis rostos humanos que expressavam diferentes níveis de dor/satisfação e perguntaram como elas se sentiam. Das 20 que haviam recebido a visita do cão, 18 indicaram a face mais alegre como a que mais fielmente representava seu estado geral. No outro grupo, apenas nove citaram a face risonha.

Os pesquisadores concluem que animais podem acelerar a recuperação anestésica e modificar a percepção de dor em pacientes pediátricos. Se é assim no estressante ambiente hospitalar, imagine o ganho que levam à rotina de crianças saudáveis.


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