Folha de S. Paulo


A dieta do Joesley

Danilo Verpa/Folhapress
Acordo de leniência da JBS é brando e se assemelha ao da Odebrecht
O empresário Joesley Batista, dono da JBS

RIO DE JANEIRO - Uma importante parte do diálogo entre Michel Temer e Joesley Batista na noite de 7 de março, nos subterrâneos do Palácio do Jaburu, em Brasília, foi ignorada pela maioria dos observadores. Talvez com razão —a lista de crimes confessada com naturalidade por Joesley e apenas escutada e assentida por Temer era tão cabeluda que tudo mais ficou menor. Mas está na gravação feita pelo próprio Joesley —pode conferir.

O diálogo se passa logo na chegada de Joesley ao Jaburu. Temer o recebe, mede com os olhos a circunferência abdominal do amigo, compara-a com a última vez que o viu e o cumprimenta: "Mas você está bem de corpo, não é, Joesley?". "Tô bem, emagreci", responde Joesley. "Você emagreceu", reconhece Temer, com uma ponta de inveja. "Emagreci", confirma Joesley. "Preciso fazer isso", admite, tibiamente, Temer. "Eu tô me alimentando bem. Não é comendo pouco, não. Tô comendo bastante. Mas, coisa mais saudável", explica Joesley. "Entendi", informa Temer, resignado. E Joesley, eufórico: "Menos, menos doce. Menos industrializado".

Bem, aí está o segredo da dieta de Joesley. Ele parou com os doces e os industrializados. Significa que, de repente e por ordens médicas, Joesley cortou de sua mesa os achocolatados, milk-shakes, requeijões, cream-cheeses, manteigas, ricotas, iogurtes, coalhadas, pudins, cremes de leite, chantilis, todos os queijos tipo qualquer coisa e, na verdade, qualquer produto com essas características, light ou não, desnatado ou não, que venha nos sabores chocolate, morango e banana e responsável por uma súbita geração de brasileiros obesos.

Donde todos os produtos da Vigor, Itambé, Itambezinho, Danúbio, Doriana, Leco, Precioso, Goody, Grego e Fit evaporaram-se da sua geladeira.

Por acaso, todas, marcas de sua propriedade. Ele sabe o que lhe convém.


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